14 de julho de 2010

Eles ainda fazem história no rock gospel


Os anos 80 foram considerados uma década perdida para a América Latina e o momento de grandes transformações em vários setores culturais. Na música, principalmente no rock, foi o ano em que surgiram várias bandas de sucesso como U2, Duran Duran, RPM, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, Kid Abelha, 14Bis, Ira! e muitas outras. E não podemos esquecer que foi a década que marcou o nascimento da MTV. Mas foi também um ano especial para a música evangélica brasileira quando quatro amigos – Zé Bruno (guitarra, violão e vocal), Hamilton Gomes (guitarra e back-vocal), Marcelo Bassa (baixo) e Jorge Bruno (bateria e back-vocal) – se uniram para formar aquela que seria a maior banda de rock gospel da atualidade: Resgate.

O primeiro bolachudo veio em 1991 e o título ia contra a trindade do rock (Sexo, drogas e rock’n’roll) – Vida, Jesus & Rock’n’Roll. Onze anos depois chegava Dudu Borges, tecladista oficial da banda que já reúne 11 CDs, sendo o último, quer dizer, o mais recente lançado pela Sony Music e chega com um recado para a moçada que cresceu ao som dessa galera: Ainda não é o último. O CD é o projeto mais audacioso do quinteto e da gravadora que se lança pela primeira vez no mercado gospel. Produzido por Dudu no Studio Vip, o álbum já se diferencia pelo encarte totlamente diferenciado que foi idealizado por Carlos André Gomes com as fotos de Décio Figueiredo tiradas na Doceria Cristallo. A capa mostra um Citroën em frente a uma daquelas cidades futuristas vistas em filmes como Minority Report, Aeon Flux ou Ultravioleta. Mas, vamos às músicas que são um misto de poesia com toques de bom humor...

Como estamos em ano de eleições, A hora do Brasil cai como uma luva no momento em que nossa nação está atravessando. A introdução lembra aqueles filmes de terror dos anos 70 e conta com um belo solo de guitarra de Edson Guidetti. Além da melodia, a letra da canção merece toda nossa atenção ao denunciar os males do Brasil, mas que reacende a esperança de ainda vermos o nosso país aos pés de Deus. Uma surpresa é a participação dos filhos do Resgate. Será que vamos conseguir responder a pergunta dessas crianças: “O homem do mundo moderno, tão capaz, tão global / Voltou para a idade da pedra, ou voltou a ser Neanderthal”.

A guitarra pontua os primeiros 30 segundos de Depois de tudo que foi escolhida para ser o primeiro single do álbum. Jorge Bruno na bateria é de deixar muito garotão boquiaberto.


Uma peculiaridade das músicas do Resgate é que elas agradam a todas as pessoas independente de religião e poderiam entrar facilmente em trilha de novelas ou filmes e até tocar em rádios seculares. Outra vez tem aquele estilo roqueiro com influências do country com boa pegada do violão e do baixo. Genérica, como o título já dá a entender, fala sobre a questão do ser humano nem sempre mostrar quem realmente é e viver se escondendo atrás de máscaras usando como referência a cantora Carmem Miranda. A letra é repleta de antíteses – meia de seda e chinelo, flores de plástico e frutas de cera, dente cariado e hálito de hortelã.

Neófito era um termo usado na igreja primitiva para designar um pagão recentemente convertido, principiante ou novato e é também o nome da quinta faixa do álbum que lembra o rock dos anos 70 e começa apenas com o piano de Dudu Borges nos primeiros 19 segundos e vem com muitas guitarras distorcidas nos momentos finais.

Apesar do nome complicado, não é preciso ter nem nível básico de inglês para entender a mensagem de Jack, Joe and Nancy in the wall (The book is on the table). A letra não passa de uma brincadeira com alguns termos da língua inglesa para dar um recado para essa turma que se acha imortal e não quer admitir que precisam urgentemente de Deus. Para você ver como é fácil, olha esse trecho: “Achord hot at you / See league a man as sound / Tone town / Throw shown / Tap pass undo Mall? / Tag guest undo to do Nancy pop?”. Traduzindo: “Acorda, otário / Se liga, manezão / Tontão / Frouxão / Tá passando mal? / Tá gastando tudo nesse pó?”. Mais fácil do que My name is...

Agora, se você curte aquelas distorções legítimas de uma guitarra tocada por um roqueiro de verdade, vai se amarrar em O Vesúvio. O vulcão que devastou a cidade de Pompéia em 79 d.C. volta ao cenário para te lembrar que só Deus é eterno e que o fim está próximo. O piano dá um show nessa faixa, sem falar na bateria nos segundos finais.

Tudo certo segue uma linha mais voltada para a adoração – “Quanto mais o mundo Te despreza / Mais eu paro tudo / Pra sentar na Tua casa, pra Te ouvir a vida inteira / Quanto mais Te sigo de perto / Mais seguro eu vou, tudo certo”. John Kip faz um dueto com Zé Bruno cantando agora um inglês de verdade. O rock pauleira volta em Transformers (isso mesmo que você leu) que tem o jeito irônico de Genérica para falar dos homens usados por Deus e que só puderam fazer o que fizeram com a ajuda dEle – “Há quem transforme a água em vinho / E a curiosa que virou sal / Se Elias foi abduzido, qual era a nave espacial? (...) Quem fez o home sair do pó? / E Daniel de um covil? / Se foi sem caldo de mocotó, como Sansão matou mais de mil?”.

Vamos combinar que esse pessoal do Resgate gosta de cantar em outros idiomas. Se não bastasse o inglês, agora temos a participação de Augusto Cabrera cantando em espanhol em Una vuelta más que nasceu de uma história vivida por Zé Bruno na Argentina no ano de 2006. Quer saber que história é essa? Só ouvindo o CD!

O texto de I Coríntios 1.25 – “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” – cai como uma luva em A terapia onde os meninos cantam sem medo “Quero me entregar na Tua terapia / No Teu reino, enlouquecer / Uma amostra grátis já me bastaria / Vou pra essa consulta sem meu relógio / Mas conto as horas pra Te encontrar”. O instrumental é bem interessante, parece que eles estão batendo em copos de vidro.

Encerrando o álbum, Vou me lembrar começa ao som do violão e do piano nos primeiros 1’19” até a entrada da guitarra, da bateria e do baixo. O Resgate fecha o repertório com um presente para os fãs de rock com 1’18” de puro instrumental onde os bispos realmente brincam com os instrumentos. E depois que a faixa acaba, é impossível não querer ouvir de novo e aproveitar bastante até o próximo CD, afinal... ainda não é o último.

7 comentários:

  1. duas correções:
    - o carro da capa é um Citröen, não um fusca, note os ^ na traseira.
    - discos de vinil eram chamados "bolachas", bolachões... talvez até bolachudos, mas nunca houve disco de borracha nem com forma de mosquito...

    abçs

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  2. ah, lá no canto superior direito "newllester". é "newsletter", ok?

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  3. HUM..??? Q COMENTÁRIO TOSCO!!! Pffffffffuuuu

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  4. quem leu o post ANTES das correções entendeu meus comentários...

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  5. Ouvi o CD pela primeira vez esta semana, no site da banda, e achei excelente. Meu cérebro deu um nó com Jack, Joe and Nancy in the Mall, na mesma hora contei pras minhas amigas que estavam comigo no MSN e cada uma ouvia a música 3 ou 4 vezes. Se a estratégia era chamar a atenção, conseguiram!

    As outras músicas também são ótimas.

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  6. Muitooooooooooooo bom....
    Atravez de suas musicas Deus tem falado muito comigo!
    Deus continue abençoando suas vidas cada dia mais e mais..
    Abraços

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  7. muito legal,que deus abençoe todos vcs,bjssssssssssssssssss

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Shalom Adonai



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