Quem já teve a oportunidade de conferir uma apresentação da
cantora Jessyca, talvez nem imagine
as barreiras que ela teve que ultrapassar para vencer a timidez e encarar o
grande público. Criada na Assembleia de Deus – Ministério de Cordovil, na zona
norte do Rio de Janeiro, essa jovem de 23 anos iniciou seus passos na música
ainda criança cantando no conjunto infantil, mas, sempre que fazia uma visita à
igreja pastoreada por seu avô, que ela precisava encarar a plateia sozinha com
microfone em mão. Entretanto, foram essas experiências que, de certa forma, contribuíram
para Jessyca fosse perdendo a inibição e começasse a ver o louvor como
ministério diante de Deus.
Fotos: Imagem Carioca |
1. Seu envolvimento
com a música começou ainda na infância nos bancos da igreja como acontece com
muitos cantores evangélicos. Mas, apesar disso tudo, você já encarava a música
como uma carreira ou ministério?
Eu sempre tive a consciência de querer sempre cantar na minha igreja, mas não via como ministério solo ou carreira porque tinha muita vergonha de cantar sozinha. Eu sempre era mais acanhada e vivia escondidinha.
2. Mas essa timidez
aos poucos foi sendo trabalhada, principalmente na época em que surgiu o grupo
Lírio dos Vales. Como foi esse momento da sua vida?
Eu tinha 13 anos e o grupo era formado por mim, minha amiga Sulamita Freitas, a irmã dela e outra amiga. Elas já cantavam muito desde pequenas e eu tinha vergonha, até que elas me chamaram para formar um grupo e com o tempo a gente foi saindo para cantar nas igrejas e, como éramos quatro, sempre tinha a parte que solava e fui perdendo a vergonha e entendendo o ministério de Deus na minha vida.
3. O que o período
com o grupo representou em sua história?
O grupo durou dois anos e foi uma experiência bacana porque já tínhamos aquela coisa de orar, jejuar e querer fazer a vontade de Deus do jeito simples e sem glamour. Aprendi muito com elas que eram mais desinibidas e foi algo de Deus na minha vida. A gente cantava Voices pra caramba e fazia coreografia na época do Pisa no inimigo.
Nunca pensei em viver de música e meu primeiro projeto foi ser militar. Meu pai é militar, estudei numa escola militar, todos os meus amigos eram filhos de militar e tudo me levava àquilo. Estudava e gostava e, nesse período que comecei a amadurecer na parte do militarismo, comecei também a pensar em meu ministério depois que o grupo acabou. Terminei o Ensino Médio, fui para a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) e, ao mesmo tempo, meu primeiro CD estava ficando pronto e as duas maiores gravadoras da época quiseram meu disco. Eu não esperava por aquilo, estava pensando em fazer uma carreira junto com o militarismo e foi uma das coisas que pesou porque eu amo o ministério. Aí, pedi baixa na Marinha para gravar o CD Minh’alma livre está que foi lançado pela MK Music.
5. Como surgiu o
projeto do primeiro CD?
Então, na época eu já cantava sozinha e tinha perdido um pouco da vergonha, mas ainda não pensava em gravar um CD e viver de música e do ministério, mas as outras pessoas já enxergavam isso. Nessa época eu já estava na ADVEC e, numa festa jesuína, eu estava com minha prima e tinha um planfeto no chão de uma gravadora dizendo: “Grave o seu CD em um milhão de vezes”. Aí, minha prima falou para eu gravar e quando cheguei em casa eu comecei a amadurecer isso. Na época eu tinha um primo que foi criado comigo e ele tinha se desviado dos caminhos do Senhor e isso começou a me deixar muito triste porque eu via o que o diabo estava fazendo na vida dele. Quando a gente nasce num lar evangélico, a gente não tem muita noção do mundo, você não imagina que os jovens lá fora estão se destruindo. Comecei a ter contato com isso e vi que eu não estava fazendo nada, eu estava olhando para o meu umbigo, queria ser militar, alegre, mas e as outras pessoas? Até que um dia eu estava orando e Deus falou comigo que ia me usar muito no louvor e Ele foi colocando um amor para que eu tivesse um jeito de pregar a Palavra para esses jovens e a primeira música que conseguimos para o repertório foi Deus é mais que foi a música de trabalho porque é exatamente tudo o que eu queria falar na época. Foi bem jovem e falava de você prestar atenção porque o mundo é ilusão. Graças a Deus, meu primo voltou para a igreja e Deus começou a levar meu ministério a outras pessoas.
6. Como foi a chance de assinar com a MK e lançar o “CD Minh’alma livre está”? O que a gravadora representou em seu ministério?
Na época, minha mãe trabalhava com o Voices e a Marina de Oliveira, só que a gente ia para a Central Gospel onde já tinha abertura. No dia da reunião com a Central, a Marina ligou para minha casa porque ela ouviu meu CD por outras pessoas e a Dona Yvelise queria o CD. Então eu posso dizer que entrei na MK através do Voices, mas especialmente pela Lilian Azevedo que falou do meu CD num voo do grupo.
7. Como foi sua ida
para a Line Records e por que optou em relançar o disco anterior agora com o
nome “Deus é mais” e com uma faixa bônus?
Eu saí da MK em 2008 e, quando fui para a Line, eu relancei o CD com uma música inédita – Deus é tudo pra mim – e com o título Deus é mais. Inclui essa música nova porque minha saída da MK foi no susto. Nunca um cantor sai de uma gravadora com seis meses de casa e eu tinha abandonado tudo da minha vida secular, estava fazendo teologia e preparava um CD infantil e, no dia em que ela rescindiu o contrato, foi no dia da reunião para mostrar o repertório do CD infantil e essa música Deus é tudo pra mim da Gislaine e Mylena foi o que me segurou na época. Com gravadora é difícil, imagina sem gravadora e ainda mais no começo da carreira. Então, entendi que Deus é tudo e que a gente tem que confiar e descansar e essa música foi a trilha sonora da minha vida na época.
8. E como e quando
surgiu o desejo de lançar um projeto infantil?
O CD infantil surgiu lá atrás quando eu estava na MK. Minha mãe sempre foi professora e dona de escola. A escola começou na minha casa e eu era uma criança cuidando de outras e, quando comecei a cantar nas igrejas, percebi que as crianças estavam abandonadas e cantavam música da Cassiane – “500 graus de puro fogo santo e poder” – e eu sempre achei que criança tem que fazer coreografia e estava faltando material. O que tinha na época não tinha conteúdo tão bíblico para até alcançar outras crianças e eu queria fazer diferente com um material totalmente voltado para as crianças da igreja. Eu ia para as igrejas e, no final, a criançada vinha me abraçar. Quando fui lançar o Minh’alma livre está, a Yvelise achava que eu dava para cantar para crianças e eu gostei da ideia até porque sou uma pessoa muito extrovertida e no CD de adulto eu tenho que manter uma seriedade e no infantil eu podia mostrar essa animação. Mas o CD Jessyca Kids nasceu de um outro projeto que não deu certo e que tinha músicas de outros compositores. Nessa bagunça toda, eu falei com o Senhor que já que estava tendo problemas com músicas de outros compositores e pedi para Ele me dar músicas. Então, na semana que falei com Deus, encontrei meu amigo Thyago Fersil que estava na ADVEC do Recreio. Logo depois, fizemos cinco músicas infantis que entraram no lugar das que tinham caído e ficaram melhores e os outros compositores foram direcionados por Deus. Não foi algo que achei bonito e fui fazer. Foi algo sendo construído por Deus que foi pensado música por música, bem detalhado. Ano que vem, em nome de Jesus, vamos transformá-lo em DVD.
9. E como começaram
os preparativos do disco “Minha história”?
Nossa, o Minha história foi um pouquinho de tudo o que eu passei tanto no meu ministério quanto na minha vida pessoal. Eu tenho 23 anos, mas eu considero que já aconteceram altos e baixos e várias coisas que o Senhor foi me quebrantando e aprendi a confiar no Senhor e no que creio para minha vida e no que quero que as pessoas acreditam independente do que a gente passa. Eu diria que esse CD vem um pouco mais sério, o Senhor é nossa força e a gente tem que continuar sério.
10. Ele representaria
um amadurecimento em sua carreira?
Totalmente não porque a gente ainda tem muito mais a amadurecer, mas, olhando para trás, eu não me reconheço porque mudei muito. É uma coisa bem diferente, bem amadurecida, foi um projeto feito com muitos detalhes pensando em cada música, cada letra e todas as 13 faixas produzidas pelo Erivelton Horst contam um pouquinho da minha história.
11. O que o público
pode esperar do novo álbum e qual a previsão de lançamento?
O público pode esperar muitos milagres que vão acontecer através desse CD. Muitas pessoas estão sobrevivendo, vivem por viver sem propósito e sem entender o que Deus quer para a vida deles e esse CD vem para dar uma direção. Se você confiar em Deus e crer nEle, você vai começar a ter uma direção clara em sua vida e esse CD vai ser libertador. A previsão é que chegue no final de outubro. Eu canto Minha história nas igrejas e, cantando ao vivo, ela fica penteca (risos) e estou tendo uma receptividade legal.
12. Um trecho da
canção-título escrita por Gislaine e Mylena diz: “Se eu cheguei até aqui,
aprendi, e hoje eu sei que valeu a pena. Eu sei que é preciso lutar e
acreditar”. Qual foi o principal incentivo para que você não desistisse?
O que eu quero que as pessoas entendam com isso tudo é que as pessoas mais próximas podem te decepcionar, te trair, em pouco tempo podem te esquecer, as coisas podem dar errado, tudo pode mudar, mas, se a sua fé está pautada em Deus, todas essas coisas não vão te abalar porque o Senhor nunca vai fechar essa porta para você, o Senhor nunca vai te trair. Se você não olhar para Deus, você não confia mais no ser humano. Olhe primeiro para Deus porque Ele te criou para ser feliz e vitorioso. Parece que já é um jargão, mas as pessoas não entendem a visão que Deus tem de nós. Deus acredita na gente! Então, hoje em dia, eu faço para o Senhor! Se é para alcançar o meu bairro, amém. Foque em Deus e você vai chegar no final e vai falar que valeu a pena.
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