Depois de dois álbuns gravados ao vivo com excelente
aceitação do público – Eu tenho a
promessa (2009) e Herança (2010)
– Meu milagre, o primeiro trabalho
de Jozyanne pela Central Gospel
Music, traz a cantora de volta aos estúdios num álbum produzido em família.
Afinal é de Josué Lopez, irmão da
cantora, a produção das 13 faixas marcadas pelo pop-pentecostal, gênero
característico da carreira da artista desde sua estreia solo com o álbum Um novo coração (2001).
Antes de partir para as músicas, vale a pena ressaltar o
projeto gráfico que traz, sem sombra de dúvida, a melhor capa que a cantora já
teve. A Central segue na linha das digipacks que conferiu um trabalho artístico
primoroso ao encarte feito por Marcus
Castro e a equipe da Imaginar Design. As fotos foram feitas no Rio de
Janeiro em cenários “que traduzissem
momentos em que as pessoas mais buscam os milagres, como num deserto, na
solidão, no vazio”. Com peças cedidas pelo Espaço Via Alternativa, um
brechó localizado na Zona Oeste carioca, e os efeitos nas fotos, o trabalho
ganhou um ar bem vintage. “O conceito é
a capa com a sala construída, mas dentro vai tudo sendo mostrado em partes,
como um grande quebra-cabeça”, explica Castro.
Agora, abrindo o encarte, colocando o CD no rádio (ou
computador) e apertando o play temos logo no início a faixa-título escrita por Tony Ricardo, novo queridinho da música
pentecostal, que se baseia na cura da mulher fluxo de sangue (tema
exacerbadamente explorado por compositores do gênero). Com teclados de Rafael Castilhol, a canção remete ao
estilo de outros sucessos da cantora como Abra
os meus olhos e Herança e ganhou
clipe dirigido por Bruno Fioravanti
que se baseou no testemunho de vida do cantor e pastor Dayan de Alencar. Ponto para a atuação do back-vocal formado por Paloma Possi, Cleyde Jane, Janeh Magalhães,
Jozielle Lopes (irmã da cantora), Fael Magalhães e Paulo Zuckini.
A dupla Gislayne e
Mylena, outra referência no louvor pentecostal, assina Questão de fé, segunda faixa de trabalho do disco que abre ao som
do violão de Michel Fujiwara. O tom
parece muito baixo no início, mas ganha força ao longo da faixa e é bem o
estilo de Jozyanne – “Você agora vai
viver os sonhos que Deus tem pra você / O que era impossível já não é / É só
uma questão de fé”. Outra canção que ganhou clipe pelas mãos de Bruno Fioravanti.
Gislayne e Mylena ainda assinam Tudo novo que versa sobre outro assunto recorrente entre os
pentecostais: o arrebatamento da igreja e os momentos que serão vividos no novo
lar. Tudo isso embalado por um naipe de metais que conferiu bom balanço à faixa
apesar do refrão repetitivo – “Vou cantar
ali no céu / Celebrar ali no céu / Adorar ali no céu / Aleluia”. Chuva de Deus é a única música assinada
por Jozyanne onde ela canta sobre o avivamento aqui representado pela chuva.
Canções de adoração não podem faltar nos discos da cantora. Vânia Santos assina Só Tu és Santo assina uma música com todo aquele jeito adoração
congregacional – “Ao que está assentado
sobre o trono / Seja a honra, a glória e o louvor / A Ti eu ergo as minhas mãos
/ É Teu o meu coração”. Sem dúvida, tem tudo para cair no gosto de
ministérios de louvor, grupos jovens e coreografias, principalmente pela
declamação baseada no texto de Isaías 6. Mais uma faixa onde intérprete e
back-vocal trabalham muito bem juntos.
Moisés Cleyton
assina Confiarei que mantém a pegada
louvor e adoração e foi gravada anteriormente, em 2009, pela paranaense Giselli Cristina num dueto com Clayton Queiroz. A faixa conta com a
participação de Nani Azevedo, mas o
cantor não parece muito à vontade com o tom da música que ficou muito baixo
para sua voz em alguns pontos. Agora, prepara-se para conferir uma nova
Jozyanne em Nada valerá, também
escrita por Moisés Cleyton. A cantora investiu em um estilo mais americanizado
com aquela pegada black music e é perfeita para os corais de igreja. A música
fala de que nada vale fazer sacrifícios se não houver amor e conta com a
brilhante participação do rapper L-ton
R.E.P.. Sem dúvida, a faixa tem tudo para agradar o público mais jovem da
cantora.
Vânia Santos retorna com Mais de Ti, uma bela canção de contrição que é marca registrada da
compositora de canções na mesma linha como Sinto
o Teu poder e Pra Tua glória.
Apesar de ser uma oração por mais da unção de Deus, a faixa carrega a essência
pentecostal dos louvores de Jozyanne. Tony Ricardo é o autor de Confronto com uma mensagem de como Deus
reverte situações ao nosso favor mesmo quando tudo parece estar no fim (detalhe
para o violino e a distorção de guitarra na faixa).
Gyslaine e Mylena assinam as três próximas faixas do álbum a
começar por Jardim que tem uma
introdução orquestrada muito bem arranjada por Bruno Santos que incorporou uma percussão sinfônica, cordas e
metais que contribuíram para toda a pompa da faixa que diminui a intensidade
quando Jozy começa a cantar para voltar com toda força dos instrumentos no
refrão, uma boa tática usada aqui.
Eu vou tocar
remete novamente ao tema do CD ao fazer referência à mulher do fluxo de sangue.
Entretanto, aqui a música é cantada em primeira pessoa e o arranjo dá o toque a
mais à interpretação. Em O barco, a
cantora faz bom uso dos agudos e é daquelas típicas de encerramento de álbum ao
vivo. A faixa remete ao milagre de Jesus que acalmou a tempestade – “Ele acalma o vento / Para o tempo, anda por
cima do mar / Se Ele está contigo, não tem nenhum perigo / Ele vem pra te
salvar...”. E fechando o álbum temos a versão acústica (muito bem
produzida) de Chuva de Deus que
contou com as participações dos músicos Fábio
Cirino (piano), Dede Silva (bateria e
carrom) e Robson Rodrigues (baixo e
violão).
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