27 de junho de 2012

“Ministério não é brincadeira”

Filho de uma professora de técnica vocal e um compositor e arranjador, além de ter um sobrenome conhecido no cenário musical, Roddes Valadão lutou por muito tempo contra a maré e tentou seguir um caminho que não fosse a música, mesmo depois de ter sido campeão do 9º Salão do Compositor Capixaba quando tinha apenas nove anos.

Nascido em Brasília, Roddes já morou em várias cidades do Brasil – Vitória, Belo Horizonte e Boa Vista – até se fixar em São Paulo. E foi nessas andanças que o cantor conheceu várias pessoas e ministérios que foram importantes para o seu amadurecimento espiritual e musical. Membro da Igreja Plenitude Cristã de Santo André (SP) e convicto de que cantar não é uma carreira, mas um ministério, Roddes esteve em turnê pelo Rio de Janeiro de 22 a 25 de junho para divulgar seu álbum A Ti, lançado no ano passado de forma independente. Com vários sonhos já traçados para sua vida, ele conversou com o Gospel no Divã e falou sobre o início da caminhada, as experiências que vem tendo com Deus e os próximos passos a traçar. “Estou literalmente nas mãos de Deus”, declara o cantor que, aos 30 anos, é casado com Roberta (30), é pai da pequena Maria Fernanda (02) e também é um apaixonado por publicidade e designer e já foi apresentador da Rede Super de Televisão. Isso e muito mais você fica sabendo a partir do próximo parágrafo:

Fotos: Graça Editorial/Marcos AC
1. Como e quando a música surgiu na sua vida?
Eu tinha três anos de idade quando fiz minha primeira musiquinha que minha mãe registrou. Inclusive, coloquei num CD que ficou pra gente que se chama Recordações. Chamado [para cantar] mesmo, eu tive certeza aos nove anos.

2. Apesar de seus pais terem grande envolvimento com a música, em algum momento você pensou em não seguir por esse caminho?
Várias vezes... Eu cheguei a começar cinco faculdades e não terminei nenhuma delas. Estava fazendo educação artística com habilitação em música, quatro anos depois recebi convite da minha turma para formatura e fiquei empesteado e prestei vestibular de novo. Só que, quando eu tentei pela segunda vez em licenciatura em educação artística, descobri publicidade. Fazia música de manhã e, à noite, publicidade durante seis meses, só que publicidade era particular consegui pagar durante um tempo só que acabou o dinheiro e parei de estudar. Depois que me casei, voltei a estudar, só que tudo cooperou para que eu não continuasse. Fiz para cinema, mas não entrei, mas nessa época eu tive realmente muita dúvida se ficava com música ou não. Já tinha gravado um primeiro disco, mas recolhi e enterrei isso tudo e fui trabalhar com publicidade, mas Deus puxou minha orelha depois.

3. O sobrenome Valadão em algum momento incomodou?
O que me incomoda, na verdade, não é o nome, mas o que as pessoas fazem com ele. Então, ele ajuda em alguns momentos e atrapalha em muitos outros porque não é para estrelismo que a gente está aqui. É claro que eu quero viver desse ministério, mas não estou aqui para fazer fama. Não é para pendurar no pescoço de ninguém. Tanto é que cogitei usar durante muito tempo só Roddes. Só aqui a Cléris (Cardoso, minha assessora) falou para eu usar alguma coisa nem que fosse um apelido. Durante um mês, quando comecei a apresentar o programa Super Sônika na Rede Super, era Roddes Passos Valadão, mas depois decidi usar Roddes Valadão.

4. Falando ainda do começo da sua trajetória, aos nove anos você ganhou o grande prêmio do 9º Salão do Compositor Capixaba. Como foi isso?
Cara, eu não tinha noção nenhuma! Rapaz, eu tinha nove anos de idade! Eu só sei que ganhei um tênis lindo de presente e um certificado, mas hoje eu vejo que fez muita diferença. Querendo ou não foi uma composição que mexeu com alguém. Eu lembro que toquei duas músicas: uma que foi para a cidade de Vitória e a que ganhou eu fiz para minha irmã que era só instrumental. Foi coisa da minha mãe, ela sempre foi muito engrenada na área da música, ela produzia discos na época do vinil, fazia back-vocal, cantava em vários corais, era maestrina. Ela era do meio e ficou sabendo do 9º Salão e que não tinha idade mínima nem máxima. Perguntou se eu queria participar e tudo era festa. Eu me orgulho muito dessa fase, mas não tenho essa coisa de estrelismo. Fez parte da minha vida, fez parte do meu crescimento.

5. Nessa caminhada pela música, você foi líder de louvor da Igreja Presbiteriana de Ribeirão das Neves (MG) e integrou os grupos Continentals Singers Brasil (1995-1999), Mr. J (2000-2004), Syrion e o Ministério Fluir (2004-2006). Como a passagem por esses diferentes grupos serviu para criar sua identidade musical?
A vantagem de ter passado por isso tudo foi a vivência musical. Musicalmente eu cresci demais, principalmente no Mr. J porque a gente viajava e essas viagens me fizeram crescer muito. A gente vê muita coisa de oba-oba que hoje não dá para aplicar mais. Eu vim de uma época em que muitas bandas famosas estavam caindo por causa de falso testemunho e não é minha praia. Numa das viagens da Mr. J, a gente falou que devia mudar nosso foco. Viajar é gostoso pra caramba, mas não é nada fácil. Os meninos da minha banda estão acostumados com isso. Se acontecesse o que aconteceu no sábado que cheguei ao Rio em que minha voz sumiu e eu não posso ir na minha mãe que é minha preparadora vocal. É joelho no chão, eu vim para servir e os meninos sabem disso. Essas bandas por onde passei me ajudaram a entender que ministério não é brincadeira, não é só um tênis novo, não é só um lanche no camarim, não é uma galera me assessorando e eu chegando com cinco [seguranças] atrás e dois na frente. No Ministério Fluir eu tive uma condição de viver muito melhor porque o Fluir foi mais maduro nesse quesito. Eu acho que isso tudo me ajudou só a crescer espiritualmente e musicalmente. Acho que pra isso valeu a pena.


6. E quando resolveu investir na carreira solo?
Eu tinha lançado um CD em 2003 – Recordações – e cheguei a viajar e fazer um congresso na Bahia com ele embaixo do braço vendendo muito. Só que, quando a gente voltou, percebi que não era isso e enterrei. Foi nesse período que larguei e fui pra publicidade. Eu fui pessoalmente às lojas e recolhi, mas senti um puxão de orelha de Deus em 2009 quando estava indo para uma gravação de Natal do Super Sônika com a Cléris e, na noite anterior, eu senti um negócio muito estranho. Deus me perguntando pela música que Ele me deu porque eu não estudava mais, não tocava violão nem a gaita que comprei numa viagem a Petrópolis. Eu falei com Deus: ‘Se for da Sua vontade mesmo, que alguém chegue pra mim e fale sobre isso’. No outro dia, a gente foi fazer a gravação e a Cléris falou do Alex, dono da Ritmos da Terra, uma loja de instrumentos musicais em Belo Horizonte, que se lembrou da minha época de Mr. J. Eu falei com Deus então que se for da vontade dEle eu já vou plantar a semente e quando brotar, brotou. Dias depois, para uma preparação do programa, falei com a Cléris que eu queria me lançar como cantor. Peguei o CD antigo e outras coisas que tinha e entreguei para ela ouvir. Fiquei orando por dois anos e, em 2009, comecei a mexer com sites e montar alguma coisa. Em 2010, desci para São Paulo e tinha certeza de que o chamado ia vingar em São Paulo e no início de 2011 eu gravei o disco.

7. E como foi a gravação do álbum A Ti?
Delicioso, cara, delicioso. Só amigo, não tinha ninguém que eu não conhecia. Só o Edgar Cabral que é guitarrista da Nívea, que conheci na época e ficamos amigos. Israel Salazar, Ana Paula Nóbrega, Jhonny Essi (tecladista do Fernandinho), Sanchez e Kabelo (respectivamente baixista e baterista da Jó 42), o Felipe Barros do Ministério Fluir que fez violão, produção, back. E a capa a gente jogou na agência MR1 e acabou que eu e Marcelo Rebello fizemos juntos.

8. Por que o título A Ti?
Ah, cara, vem dEle né. Tenho uma briga com Deus que eu não sei escrever letra. Já que Ele não me deixa escrever por minha conta, então peço para ele me dar pronta e Ele deu. Tem pelo menos umas quatro músicas do CD que acordei com elas prontas. Ia correndo pra frente do computador com aquela cara, cabelo todo enrolado e gravava.

9. Seguindo na linha pop-rock, uma das canções que merece destaque é “Doce novembro”, feita para sua filha Maria Fernanda. Como essa música nasceu?
Ela estava em Belo Horizonte e eu estava morto de saudades dela em São Paulo, aí teve um dia que veio uma coisa na minha cabeça e comecei a dedilhar no violão da minha amiga e escrevi a letra e ela saiu pronta. Gravei no iPhone e a música ficou linda. Na hora de gravar eu chorei, fiz quatro tapes, embargava, a voz não saía. No lançamento em Belo Horizonte, combinamos com a Maria Fernanda de que na hora em que eu terminasse a música, num certo momento, ela ia pegar uma bonequinha que estava no cenário com a luz só nela e um telão com fotos dela e dois feixes de luz na boneca. Ela ia pegar a bonequinha e sair, mas na hora ela pegou e veio me entregar. Eu desabei, veio a Roberta (esposa), a gente se abraçou, dei o testemunho do nosso casamento. Ficou melhor que a encomenda. Fomos lançar em São Paulo e a mesma coisa. É uma música que inclusive é top de vendas no iTunes.

10. Alguma música do CD Em Tuas mãos entrou no repertório do álbum A Ti?
A música A Ti é a primeira do álbum Em Tuas mãos, além de Confissão e Guia-me, mas pretendo trazer outras mais tarde nos outros álbuns.

11. Você ainda lançou o clipe da canção “Eu vou” no final do ano passado. Como foi a gravação?
Tem um amigo nosso que é tecladista da rede de jovens que se chama Murilo Peres. Ele é videomaker, trabalha como colorista numa agência de comunicação em São Paulo e tem acesso a muito equipamento bacana em um estúdio gigantesco. Fomos num sábado para lá em um dia de chuva. A gente fez um negócio muito clean, sem cenário, eu queria a música em evidência. No próximo clipe que será da canção Alegria, eu espero que seja bem diferente.


12. Já tem ideia de como vai ser esse próximo clipe?
Vai ser com a mesma equipe e espero que um grande amigo meu – Paulo Boy de Belo Horizonte – venha ajudar. Ele é dono de duas empresas de vídeo, inclusive ele que fez o CD do Thalles Roberto. Ainda não tenho nada pronto, mas tenho os scripts.

13 Além de cantar, você também já foi apresentador de TV e comandou durante um bom tempo o programa Super Sônika da Rede Super de Televisão. Como foi que você entrou nesse universo?
Eu sempre tive uma facilidade de comunicação muito grande. A Cléris é minha tia e brigava comigo para eu ir para a televisão, mas não queria mexer com isso. Queria ser publicitário mesmo. Eu era atendente de call center num banco na época e de lá eu deixei um currículo na portaria sem o sobrenome Valadão. Deixei outro e pus o Valadão, deixei um terceiro, um quarto, um quinto, aí a Cléris ficou sabendo que eu estava levando currículo e deixei um na mão dela e foi aí que eu entrei. Fui cobrir férias de um operador de áudio em 2007 e, nesse um ano, o apresentador do Super Sônika faltava muito porque ele tinha uma empresa e não tinha tempo. Testaram vários apresentadores e a Cléris não gostava de ninguém e ela chegou pra mim e me mandou fazer o teste. Ela me mandou o primeiro roteiro, decorei e fiz o primeiro programa na ponta da língua. Gravamos o primeiro piloto, Cléris mandou trocar de roupa e fazer mais um programa, gravei quatro no mesmo dia e foram os quatro primeiros de muitos no Super Sônika. Aí, eu saí da Rede Super porque casei e ia morar em outra cidade, mas continuei apresentando de longe. Apresentei por dois anos e meio. Fui morar em Boa Vista, mas mesmo assim eu descia pra fazer. Compromisso total e gravava oito programas de uma vez. Foi numa dessas descidas em que fui a São Paulo entrevistar Michael W. Smith e o apóstolo da igreja que estou hoje me convidou a descer. Agora, a gente tem o projeto de fazer outro programa de televisão para colocar pela GN1TV e quem saber transmitir em outros canais, mas é só um projeto.

14. E quais são os próximos planos para a carreira? Um novo CD já estaria incluído?
Eu pretendo continuar apresentando, mesmo independente da carreira de cantor porque cantar não é uma carreira, é um ministério. Como cantor, espero ir onde Deus me levar porque sei o tamanho da minha promessa e tenho noção de onde vai chegar. Só não sei quando nem como. Estou literalmente nas mãos de Deus, cem por cento, sem restrições, estou aqui para servir. Estou esperando a resposta de uma gravadora para lançar um novo CD. Senão for por ela, eu pretendo fazer agora no final de 2012 ou início de 2013 e vou dar uma guinada um pouco mais dançante com um pouquinho mais de hip-hop porque sou muito fã de TobyMac. O Pregador Luo ia tocar no meu CD, mas não tinha espaço. Então, eu pretendo que ele entre no próximo com uma participação.

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