2 de novembro de 2011

Esperança de que o dia vai chegar

A perda de alguém próximo nunca é algo fácil de suportar. Cada pessoa tem uma reação diferente da outra e há aqueles que da fraqueza conseguem tirar forças para continuar. E alguns vão mais além e conseguem transformar até mesmo a pior tragédia em inspiração para uma nova etapa. E foi uma perda que deu o pontapé inicial para a produção do novo trabalho do Livres para Adorar, liderado por Juliano Son.

Mais um dia é o quarto trabalho do ministério após dois anos do CD Pra que outros possam viver que também teve uma versão em DVD. O álbum começou a se desenhar após a morte de um amigo de infância de Juliano que é produzido pela primeira vez por Ruben di Souza. O repertório traz sete composições do ministro de louvor em parceria com os componentes da banda, além de quatro versões e uma regravação. Pode-se dizer que é um álbum completamente reformulado tanto por novos músicos, como pela mudança do visual de Juliano que deu uma aparada nos cabelos e a própria sonoridade trazida pelo novo produtor.

Abrindo o setlist, Mais um dia, da autoria de Juliano, tem uma abertura muito bem feita por Ruben (repare nas batidas da bateria). A canção faz lembrar Epitáfio, sucesso do CD A melhor banda de todos os tempos da última semana dos Titãs de 2002 – “Devia ter amado mais / Devia ter me dado mais”. O arranjo vocal feito por Filipe Raicoski conclui a faixa de maneira sublime.

Com força nas guitarras e trazendo os efeitos digitais que conferem a pegada pop característica das produções de Ruben di Souza, O ladrão em mim foi a primeira faixa liberada do novo trabalho no SoundCloud. Obra de Juliano em parceria com o guitarrista Fellipe Dyck Friesen, a música se baseia no texto de Isaías 53 – “Nada de excepcional / Havia em Sua forma / NEle não reconheci / Deus em Sua glória”.
Foto: Gabriel Telles
Em seguida vem uma das mais belas canções e que tem tudo para repetir o sucesso feito pelas antigas Tempos melhores e Vai valer a pena. Quando o mundo cai ao meu redor é uma versão de Eddie Kirkland e Steve Fee e nos ensina a confiar em Deus mesmo quando a pior tragédia se anuncia e tem um trecho extraído do Salmo 30.5 – “O choro dura uma noite / Mas com o dia vem o sol”. Os arranjos de cordas contam com um time de feras, incluindo Aramis Rocha, responsável por famosos arranjos nos discos Soraya Moraes (Som da chuva) e Cassiane (Viva).

Juliano e o baterista Adriano Alves assinam Em outro lugar que retorna à batida pop da faixa 02. A composição versa sobre o sacrifício vicário de Cristo que nos salvou de um mundo sem piedade. Em seguida, Ele me ama é a versão de How He love us, conhecidíssima na discografia do Jesus Culture, gravada já por Alda Célia, Léo Fonseca e, mais recentemente, o Ministério de Louvor Diante do Trono. Diferente dos anteriores, Juliano não se prendeu tanto à letra original, mas na essência e na mensagem que o autor John Mark McMillan quis passar sobre o amor incondicional de Deus. O Livres para Adorar inovou até na introdução e no coral colocado no final da faixa que conferiu uma suntuosidade ímpar.

Entre as faixas, a surpresa fica pela regravação de Rei da glória, versão de King of Wonders de Graham Kendrick, que fez parte do repertório do CD/DVD Pra que outros possam viver, sem muitas alterações nos arranjos. Uma vida inteira (Juliano Son / Adriano Alves) fala sobre a incessante busca do ser humano por algo que preencha o seu vazio sem se dar conta que esse algo está mais perto do que ele imagina.
Foto: Divulgação
“Quanto valeria mais um dia? / Tudo eu faria pra Te encontrar em outro lugar” marcam o início de Ruas de papel que chama atenção pelo nome diferente assim como outras gravações do Livres como Ridículo e Onde os anjos temem ir. Apesar da letra poética, a faixa traz sonoridade semelhante à O ladrão em mim.

As faixas seguintes – Fez um caminho e Santo – são versões do cantor americano Matt Gilman gravadas originalmente no CD Holy (2008). Em ambas, Juliano demonstra uma emoção que confere um peso maior à interpretação das mesmas. Fez um caminho começa com um instrumental mais leve até que vai ganhando força com o acréscimo das guitarras. Já Santo, apesar de ter apenas oito versos, é a maior faixa do CD com quase oito minutos e, caso o ministério de louvor decida gravar um DVD desse trabalho, ela tem tudo para ser um dos pontos altos.
Foto: Divulgação
Um lugar para descansar, de autoria de Son, foi feita como forma de homenagear o amigo falecido do líder do Livres. É uma mensagem de esperança versada apenas ao som do piano e cordas e o ponto alto é a pregação que o intérprete faz no meio da canção. É de arrepiar e vai fazer você se emocionar bastante com o jeito que Juliano Son tem para ministrar como foi observado nos Extras do DVD Pra que outros possam viver.

Encerrando o repertório com um coral muito bem arregimentado e direito a aplausos, Leva-me traz um conforto ao coração falando que as situações ruins servem para nos ensinar e estreitar mais o relacionamento com Deus e que até a dor pode nos fazer chegar mais perto do Pai, crendo que o dia vai chegar. E esse é o principal objetivo desse novo lançamento da Onimusic: fazer você crer que, apesar dos problemas, sempre haverá mais um dia para aprendermos com Deus de que nada será em vão porque O DIA vai chegar.

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