A perda de alguém próximo nunca é algo fácil de suportar.
Cada pessoa tem uma reação diferente da outra e há aqueles que da fraqueza
conseguem tirar forças para continuar. E alguns vão mais além e conseguem
transformar até mesmo a pior tragédia em inspiração para uma nova etapa. E foi
uma perda que deu o pontapé inicial para a produção do novo trabalho do Livres para Adorar, liderado por Juliano Son.
Mais um dia é o
quarto trabalho do ministério após dois anos do CD Pra que outros possam viver que também teve uma versão em DVD. O
álbum começou a se desenhar após a morte de um amigo de infância de Juliano que
é produzido pela primeira vez por Ruben
di Souza. O repertório traz sete composições do ministro de louvor em
parceria com os componentes da banda, além de quatro versões e uma regravação.
Pode-se dizer que é um álbum completamente reformulado tanto por novos músicos,
como pela mudança do visual de Juliano que deu uma aparada nos cabelos e a
própria sonoridade trazida pelo novo produtor.
Abrindo o setlist, Mais
um dia, da autoria de Juliano, tem uma abertura muito bem feita por Ruben
(repare nas batidas da bateria). A canção faz lembrar Epitáfio, sucesso do CD A melhor
banda de todos os tempos da última semana dos Titãs de 2002 – “Devia ter
amado mais / Devia ter me dado mais”. O arranjo vocal feito por Filipe Raicoski conclui a faixa de
maneira sublime.
Com força nas guitarras e trazendo os efeitos digitais que
conferem a pegada pop característica das produções de Ruben di Souza, O ladrão em mim foi a primeira faixa liberada
do novo trabalho no SoundCloud. Obra de Juliano em parceria com o guitarrista Fellipe Dyck Friesen, a música se baseia
no texto de Isaías 53 – “Nada de excepcional
/ Havia em Sua forma / NEle não reconheci / Deus em Sua glória”.
Em seguida vem uma das mais belas canções e que tem tudo
para repetir o sucesso feito pelas antigas Tempos
melhores e Vai valer a pena. Quando o mundo cai ao meu redor é uma
versão de Eddie Kirkland e Steve Fee e nos ensina a confiar em Deus
mesmo quando a pior tragédia se anuncia e tem um trecho extraído do Salmo 30.5 –
“O choro dura uma noite / Mas com o dia
vem o sol”. Os arranjos de cordas contam com um time de feras, incluindo Aramis Rocha, responsável por famosos
arranjos nos discos Soraya Moraes (Som da chuva) e Cassiane (Viva).
Juliano e o baterista Adriano
Alves assinam Em outro lugar que
retorna à batida pop da faixa 02. A composição versa sobre o sacrifício vicário
de Cristo que nos salvou de um mundo sem piedade. Em seguida, Ele me ama é a versão de How He love us, conhecidíssima na discografia
do Jesus Culture, gravada já por Alda Célia, Léo Fonseca e, mais recentemente, o Ministério de Louvor Diante do Trono. Diferente dos anteriores,
Juliano não se prendeu tanto à letra original, mas na essência e na mensagem
que o autor John Mark McMillan quis passar
sobre o amor incondicional de Deus. O Livres para Adorar inovou até na
introdução e no coral colocado no final da faixa que conferiu uma suntuosidade
ímpar.
Entre as faixas, a surpresa fica pela regravação de Rei da glória, versão de King of Wonders de Graham Kendrick, que fez parte do repertório do CD/DVD Pra que outros possam viver, sem
muitas alterações nos arranjos. Uma vida
inteira (Juliano Son / Adriano Alves)
fala sobre a incessante busca do ser humano por algo que preencha o seu vazio
sem se dar conta que esse algo está mais perto do que ele imagina.
“Quanto valeria mais
um dia? / Tudo eu faria pra Te encontrar em outro lugar” marcam o início de
Ruas de papel que chama atenção pelo
nome diferente assim como outras gravações do Livres como Ridículo e Onde os anjos
temem ir. Apesar da letra poética, a faixa traz sonoridade semelhante à O ladrão em mim.
As faixas seguintes – Fez
um caminho e Santo – são versões
do cantor americano Matt Gilman
gravadas originalmente no CD Holy (2008).
Em ambas, Juliano demonstra uma emoção que confere um peso maior à interpretação
das mesmas. Fez um caminho começa
com um instrumental mais leve até que vai ganhando força com o acréscimo das
guitarras. Já Santo, apesar de ter
apenas oito versos, é a maior faixa do CD com quase oito minutos e, caso o
ministério de louvor decida gravar um DVD desse trabalho, ela tem tudo para ser
um dos pontos altos.
Um lugar para
descansar, de autoria de Son, foi feita como forma de homenagear o amigo
falecido do líder do Livres. É uma mensagem de esperança versada apenas ao som
do piano e cordas e o ponto alto é a pregação que o intérprete faz no meio da
canção. É de arrepiar e vai fazer você se emocionar bastante com o jeito que
Juliano Son tem para ministrar como foi observado nos Extras do DVD Pra que outros possam viver.
Encerrando o repertório com um coral muito bem arregimentado
e direito a aplausos, Leva-me traz
um conforto ao coração falando que as situações ruins servem para nos ensinar e
estreitar mais o relacionamento com Deus e que até a dor pode nos fazer chegar
mais perto do Pai, crendo que o dia vai chegar. E esse é o principal objetivo
desse novo lançamento da Onimusic: fazer você crer que, apesar dos problemas,
sempre haverá mais um dia para aprendermos com Deus de que nada será em vão
porque O DIA vai chegar.
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