“Com esse CD eu tive que me permitir a não estar no controle de tudo”

Uma multidão lotou a FNAC do Barra Shopping para o pocket-show de Leonardo Gonçalves | Fotos: Imagem Carioca

O espaço da FNAC do Barra Shopping ficou pequeno para a multidão que se aglomerou na noite da última quinta-feira (24) para o pocket-show de lançamento do CD Princípio e fim de Leonardo Gonçalves. Foi uma noite muito especial para o cantor que, além dos admiradores, reuniu vários amigos como os cantores Bruna Karla e Bruno Santos, Marquinhos Menezes e Lilian e Nani Azevedo.

Acompanhado pelo pianista Samuel Silva, Leonardo Gonçalves interpretou as canções Sublime, Bondade, There, Novo (o primeiro single do disco) e Princípio e fim do novo trabalho pela Sony Music Gospel, além da canção Nachamu, nachamu do CD Avinu Malkenu. E atendendo aos pedidos do público, o cantor encerrou a apresentação com Getsêmani, canção que projetou sua carreira.

Após o show, o cantor atendeu as mais de 150 pessoas que marcaram presença no evento e ainda teve fôlego para conversar com o Gospel no Divã e contar detalhes da nova fase da carreira e as novidades sobre o CD que chegou a figurar em primeiro lugar no iTunes.

1. Como o público está recebendo o novo CD?

Olha, tenho me surpreendido a cada dia mais. Todo mundo já está conhecendo e faz um mês e meio que o CD saiu e a resposta está vindo muito rápido. Fora o que aconteceu com o iTunes...

2. E por falar no iTunes, esperava ver o CD chegar em primeiro lugar na loja virtual?

Não, não... Eu nunca imaginei nem nos meus sonhos mais ousados porque o iTunes tem uma peculiaridade: não pode haver destaque nenhum para algo religioso. Entre os gêneros musicais tem MPB, rock, sertanejo, mas no mundo inteiro não tem uma sessão de música religiosa. Se tivesse estaria perfeito e poderia ficar entre os dez mais, mas, no geral, ficar em primeiro lugar foi uma grande surpresa. Acho que só no Brasil que uma coisa dessas é possível em que realmente o mercado evangélico tem um espaço maior. Acho que foi algo inédito não só no Brasil, mas no mundo.

3. Esse foi seu primeiro CD feito em tempo recorde. Qual a diferença entre Princípio e fim e os demais álbuns da sua carreira?

Cara, eu acho que eu tive que me permitir a não estar no controle de tudo. Graças a Deus, não ficou pronto para o ano passado e eu tive uns três meses a mais para terminar as coisas que não tinha conseguido fazer. Até cheguei a voltar para o estúdio com tudo pronto já, regravei algumas coisas e acrescentei alguns elementos que senti que estava faltando. Então, esses três meses a mais foram realmente fundamentais para o resultado ficar do jeito que ficou. E mesmo assim eu tive que descansar mais no Senhor, deixar Ele tomar um pouquinho mais as rédeas.

4. Ter escolhido justamente a canção Novo para ser a primeira de trabalho do CD foi uma estratégia de marketing ou uma feliz coincidência?

Não chegou a ser uma estratégia, mas o que foi realmente estratégico foi que Getsêmani é uma música de cruz, da morte de Cristo, Ele vive fala de ressurreição e eu queria que a próxima música de trabalho falasse sobre o reino de Deus, mas tinha outras que falavam sobre a volta de Jesus. O nome da música ser Novo foi mais coincidência. Imagina: nova casa, nova gravadora, novo momento, primeiro clipe da minha vida. Foi uma feliz coincidência. Na pré-produção, eu achava que essa ia ser a música de trabalho. Eu estava desconfiado e nem sabia que o nome da música era Novo, o nome da música era Meia-noite e cheguei a considerar esse como título do disco na verdade. Aí, as coisas foram evoluindo, mudamos para Viver o amor e acabou sendo Princípio e fim.

5. E por falar no clipe da canção Novo, como foi ser dirigido pela primeira vez?

Ah! Cara, eu estava inserido num contexto maravilhoso. O Hugo Pessoa é um tremendo de um diretor e eu nem participei do roteiro. A minha parte das filmagens foi feita em Londres e os outros atores filmaram em Berlim, mas não estava nem a par da ideia e só fiquei sabendo da ideia principal da sombra e da luz entrando no rosto quando vi o clipe editado (risos). Estava trabalhando com o Hugo que fez o roteiro junto com a Giovanna Borgh (assistente) que é namorada dele. A Dani (Daniela Araújo, esposa) ajudou muito também nessa parte de criação porque ela é apaixonada. Ela que me convence com esse negócio de vídeo porque ela adora e já tem uns seis vídeos começados e eu sou um pouco mais devagar nesse sentido. Não poderia ter começado melhor e valeu a pena esperar dez anos para ter esse vídeo.

6. Poderíamos dizer que Princípio e fim representa um divisor de águas na sua carreira?

Com certeza, mas eu preciso também dizer que todo disco é. Como eu demoro muito (são cinco anos entre cada um), realmente sempre traz uma novidade muito grande para minha vida pessoal. O primeiro disco veio com uma repercussão muito grande dentro da minha denominação (Igreja Adventista), o segundo conseguiu ultrapassar a fronteira da minha denominação e também começar a cantar e ser conhecido de fato no meio evangélico e, com esse CD e o auxílio da Sony Music, estou vislumbrando que eu vou dar mais um passo para atingir ainda pessoas que não sejam somente evangélicas. Estou começando a sentir um pouco esse feedback como o lance do site Terra, do iTunes e a reportagem da Revista Veja (a edição 2270, lançada em 23 de maio deste ano trouxe uma matéria especial sobre o crescimento da música gospel no Brasil). Talvez agora, com essa estrutura, eu vou conseguir chegar a alguns lugares que antes eu não tinha condições de chegar. E eu acho que, comparando assim com os outros CDs, esse álbum vai criar um diálogo ainda maior com o público ainda mais diferenciado. Com certeza eu acho que esse é o CD certo, realmente o momento é esse.