22 de março de 2013

“Eu quero ser achado um servo fiel”

Sexto filho do casal de pastores Hilda e Geraldo Guimarães, o nome do cantor Geraldo Guimarães ficou ainda mais conhecido em 2012 com o lançamento do CD Maravilhosa Graça que foi lançado pela MK Music. Entretanto, esse adorador nascido na Bahia começou sua paixão pela música aos dez anos quando foi apresentado ao LP Fruto dos lábios, do Pr. Adhemar de Campos, lançado em 1988. “Foi a primeira gravação ao vivo que ouvi na minha vida e ouvi várias vezes. Aquilo começou a tomar o meu coração e esse despertar veio a partir daquele LP”, relembra o cantor que ingressou realmente na música aos 14 anos auxiliando o pai durante os cultos.

Quatro anos depois, Geraldo mudou-se para o Rio de Janeiro a convite do irmão onde foi consagrado ministro de louvor. Ele que viveu de perto a explosão do louvor congregacional representado por Bené Gomes, Adhemar de Campos, Asaph Borba, Cláudio Claro, Carlinhos Félix, Projeto Vida Nova de Irajá e Daniel Souza foi amadurecimento seu envolvimento com a música até que, em 2010, ele lançou seu primeiro projeto – o CD Casa do Pai – que contou com a produção de Rogério Vieira que destacou a música Ouço uma voz. Dois anos depois, através do técnico Edinho Cruz, seus caminhos se cruzaram com os da MK Music por onde lançou Maravilhosa Graça, gravado ao vivo e que, além da canção-título, já coleciona sucessos como Filho da promessa, Deus nunca falhará, Sorrindo ou chorando e Intimidade e comunhão, esta última interpretada ao lado de Adhemar de Campos. Com o desejo de seguir nessa caminhada fazendo a vontade de Deus e apaixonado pela família e pela igreja, Geraldo falou sobre carreira e os próximos projetos em uma conversa com a equipe do Gospel no Divã: “Eu quero a cada dia me aproximar mais da vontade de Deus”.

1. Como começou seu envolvimento com a música?
Essa identificação com a música surgiu em 1988 quando eu tinha dez anos e minha irmã era gerente de uma loja e trouxe para a casa um LP chamado Fruto dos lábios do Pr. Adhemar de Campos e aquela foi a primeira gravação ao vivo que ouvi na minha vida e ouvi várias vezes. Louvemos ao Senhor, Ele é exaltado... Isso tudo estava naquele LP e aquilo começou a tomar o meu coração. Hoje tenho uma amizade muito grande com o Pr. Adhemar, é um cara que cobre minha vida, a gente conversa e compartilha, mas esse despertar veio a partir desse LP. Agora ingressei na música da minha igreja aos 14 anos, pois meu pai foi evangelista, missionário e pastor e trabalhou na abertura de muitas igrejas no estado da Bahia. Ele era da Convenção Batista Brasileira e sempre o acompanhei muito. Na verdade, comecei a me envolver com a música por conta da necessidade de ter alguém envolvido com essa questão na igreja.

Geraldo Guimarães recebeu a equipe do Gospel no Divã em sua casa para falar sobre a carreira | Fotos: Roberto Azevedo

2. Qual foi a importância de sua família e da igreja no início dessa caminhada?
Quando eu falo de família, eu tenho que falar do meu pai que hoje está em Deus. Ele faleceu em setembro de 2011, mas ele deixou um legado muito grande para a nossa família e para mim em particular porque todos nós precisamos de um referencial e dou graças a Deus porque o maior referencial que eu pude encontrar foi dentro da minha casa que foi meu pai – o Pr. Geraldo Guimarães. Essa paixão que tenho pela igreja hoje foi passada por mim através da minha família. Meu pai era pastor de ovelhas que cuida, que se envolve, que ouve, que fala, que acompanha. Essa identificação com a igreja e com a música eu devo a minha família.

3. E o que representou a mudança de Salvador para o Rio de Janeiro?
Foi difícil porque eu construí toda essa dificuldade porque a gente mudou várias vezes de endereço e não pude construir amizades de uma vida inteira. Aos 18 anos, em Salvador, eu já tinha amizades sólidas e quando veio esse desafio em julho de 1996 foi um desafio porque eu só tinha meu irmão e minha cunhada que me trouxeram para cá. No início foi um pouco difícil e ele disse que eu só ia romper no Rio de Janeiro quando eu me desligasse da minha vida em Salvador para que eu pudesse viver a minha história. Aquilo gerou uma crise em mim, mas gerou um despertar porque naquele momento eu era uma página em branco e foi uma oportunidade de reconstruir a minha história. Estabeleci novos alvos, novos projetos. Foi uma nova oportunidade de abandonar os erros antigos, repetir os acertos e viver novas experiências e posso dizer que valeu a pena.

4. Esperava um dia gravar um CD e ter suas músicas tocando nas rádios?
Claro que não! Eu achava algo inalcançável. Primeiro que a gente tem uma imagem muito errada de quem está lá no altar. Você imagina que o cara tem um nível de santidade infinitamente superior ao seu ou que é um sócio da divindade e, na verdade, somos participantes da santidade de Cristo e das promessas de Deus. Nós somos homens naturais, mas imaginava naquela época que eram homens nascidos numa hora e local determinados e hoje eu vejo que Deus quer usar homens e mulheres que tenham dito sim. Eu não imaginava estar um dia ministrando pelas igrejas, eu imaginava melhorar o que eu fazia dentro da minha própria igreja, mas um dia Deus me desafiou a fazer isso. A minha liderança me desafiou e eu encarei esse desafio e Deus testificou no meu espírito junto com a minha família e hoje o que a gente está fazendo é porque a unção de Deus respalda essa nossa caminhada. Não há nada de tão sobrenatural na vida dos que gravam senão a essência de Deus, a Palavra de Deus, a autoridade que habita nele. O homem por si mesmo não tem esse diferencial que está em conter a vida de Deus e poder compartilhar disso na vida de outras pessoas e a glória está em Deus.

5. Como foi o processo para gravação de seu primeiro disco – ‘Casa do Pai’?
Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro, eu servia a Primeira Igreja Batista em Jacarepaguá e vivi um tempo muito precioso porque era grande o derramar de Deus e as pessoas queriam muito que eu gravasse. Eu desejei, mas percebi a dificuldade e esse negócio ficou para trás e só veio a renascer depois de 12 anos. Em 2010, resolvi gravar e lançar um CD no finalzinho de setembro que é independente com composições de amigos meus, algumas minhas e produção do Rogério Vieira.

6. Como foi contar com a produção de Rogério Vieira?
Tenso, ué! Eu era um capiau da Bahia e conhecia um pouquinho dos microfones da minha igreja e da atmosfera do culto e não sabia nada de estúdio. Quando entrei no estúdio era um silêncio, aquele fone no ouvido e eu ouvindo minha respiração, mas foi muito bom. O resultado ficou bacana e o pessoal gostou demais. No início você sente uma inibição muito grande, mas com o passar das horas eu fui me soltando e ganhando segurança. O CD Casa do Pai abriu muitas portas, abençoou muita gente e me fez ter muitos relacionamentos que sustento até hoje. A música fala justamente da igreja como povo e nós fazemos do lugar a igreja, a casa do Pai. A capa do CD – desenvolvida pelo David Cerqueira (Agência Excellence) – mostra eu caminhando em direção à porta de saída da igreja, mas estou buscando fazer fora da igreja o que faço dentro da igreja.

7. ‘Ouço uma voz’ foi um dos destaques do disco. Fale sobre essa música e o clipe que foi dirigido por Vlad Aguiar.
Eu tenho loja de automóveis e, numa dessas tardes, recebi a visita do Pr. Marcus Salles e falei que queria muito gravar uma música dele e já estava fechando o CD quando ele me mandou essa canção. Ele pegou o violão e começou a cantar e foi a canção mais conhecida e cantada desse primeiro CD. Um dia conheci o Vlad e ele se encantou com a música e a gente fez uma parceria naquela ocasião. Fomos buscar locações para fazer, escolhemos uma e foi muito bacana e agradeço a Deus pela vida do Vlad que me abençoou muito.


8. Quando decidiu gravar um novo CD?
Três meses depois de lançar Casa do Pai decidi que tinha que gravar um projeto ao vivo porque senti falta daquele povo cantando comigo, fazendo barulho e a primeira música que Deus me deu junto com Davi Fernandes e Renato César foi Intimidade e Comunhão que eu canto junto com Adhemar. Dali veio Filho da promessa, Enche-me de Ti, Toma o Teu lugar, Sorrindo ou chorando, Deus não falhará. Nesse CD eu quis trazer um pouco da minha vida com Deus para poder compor e Ele usou pessoas maravilhosas para me ajudar nesse projeto de compor e estabelecer esse novo CD.

9. Como foi a gravação do ‘CD Maravilhosa graça’?
Foi muito melhor do que gravar no estúdio e mesmo assim precisei me policiar. Apesar de estar fluindo, é uma gravação e você precisa ter posicionamento, postura para reproduzir aquele CD e que alguém possa compreender e se sentir naquela atmosfera. A participação da igreja, as lágrimas no dia foi sobrenatural.

10. Por que optou por quatro produtores diferentes nesse novo disco – Kleyton Martins, Emerson Pinheiro, Rogério Vieira e Tadeu Chuff?
Foi natural... Na verdade quem ia fazer era o Kleyton Martins e ele fez oito músicas. Estive com o Pr. Emerson e falei que queria que ele fizesse ao menos uma música e ele fez duas – Maravilhosa Graça e Intimidade e Comunhão. Tem uma música chamada Venha o Teu Reino que é uma palavra que as igrejas do Brasil precisam cantar que é fazer a vontade de Deus na terra que foi produzida pelo Rogério Vieira e também a música Sorrindo ou chorando que foi feita pelo Tadeu Chuff e fala da minha história com meu pai.


11. Por falar em suas composições, como é seu processo na hora de compor?
Toda vez que sento para compor um tema específico eu tenho dificuldades, mas quando componho dentro de uma busca que eu esteja vivendo é muito mais fácil. A última composição minha gravada é Um Deus tão grande do Quatro por Um que fala sobre as decisões equivocadas que eu tomei e isso nada mais é do que um momento de gratidão a Deus.

12. E qual a história da canção ‘Maravilhosa Graça’ e por que ela foi escolhida para dar título ao disco?
É a história do mundo inteiro, é a história do homem. O homem decidiu pela queda e, no momento em que o homem caiu, Deus começou a projetar a restauração do homem. A expressão ‘tal maneira’ é uma forma que não consegue ser mensurada. Deus não deseja que o homem morra, Ele deseja que o homem permaneça de pé. Deus sabe que o homem não consegue isso por si só. Ele faz o primeiro Adão e dá errado e Ele dá um novo Adão que é Jesus Cristo e Ele restaura a história do homem.


13. E como foi contar com a participação do Pr. Adhemar de Campos na faixa ‘Intimidade e comunhão’?
Eu ficava na técnica olhando ele gravar e ficava vendo a entrega, as expressões dele cantando. Eu parecia ter voltado na atmosfera do LP Fruto dos lábios que não tinha encarte e só tinha o nome das músicas e você consegue se prender e a única coisa que me prendeu àquele LP foi o mover e ver o Pr. Adhemar gravando me levou àquela atmosfera de 1988.

14. Como os seus caminhos se cruzaram com a MK Music e como foi a entrada para a gravadora?
Primeiro acho que tinha que mudar esse termo de CD independente porque o cantor independente é o que depende de todo mundo, de Deus e da ajuda de muita gente. O CD independente me ensinou a valorizar os relacionamentos e hoje estou na MK, mas eu tenho valorizado os relacionamentos tanto na MK quanto nas igrejas porque existem momentos em que parecem que você está sozinho, mas seu socorro pode vir dos seus relacionamentos, pode vir de uma das mesas em que você se sentou. O CD independente traz a realidade do cantor que depende de muitas coisas. Edinho Cruz foi meu técnico de gravação nos dois projetos e, no momento certo, levou o projeto para a Dona Yvelise e na mesma tarde que ela ouviu ela pediu que eu fosse até lá. Passei pela peneira e, na verdade, isso é a vontade de Deus.

15. Como foi ter a música ‘Maravilhosa Graça’ indicada à ‘Música do Ano’ no Troféu Promessas 2012?
Foi uma surpresa! Na verdade eu recebi duas indicações como Melhor música e Revelação e tinha muita gente boa, bons profissionais e homens e mulheres de Deus. Só em ter sido contado entre eles já me trouxe grande alegria, sinal de que estou no caminho certo.

16. Como faz para administrar ministério, carreira comercial e a vida de pai e esposo?
Não é fácil, mas eu tenho buscado alinhar a minha vida com a igreja. Eu costumo dizer que quem respalda a vida de um ministro de louvor é a igreja. Se eu estou ministrando e estou fazendo isso muitas vezes desde o ano de 2012, eu também preciso estar ligado à igreja local, ser pastoreado, estar na minha igreja, dizimar, cear, adorar. Eu busco alinhar essa minha correria com a vida da minha igreja assim como eu busco trazer minha família junto de mim. Quando tem agenda perto, eu busco levar minha família. Eu quero que meu casamento e minha igreja cheguem junto comigo. De todos aí, o mais prejudicado é o meu trabalho secular que, em muitos momentos, tive que me ausentar, mas eu tenho pedido sabedoria e direção a Deus para um direcionamento na minha vida. Estou num momento de novas mudanças, de transição e estou aí para viver todas as mudanças que vierem da parte de Deus. Se precisar abandonar o trabalho secular a gente abandona, mas dentro da direção de Deus.

17. Qual balanço que faz de sua carreira e quais são os próximos planos?
Eu espero não sair da luz de Deus, espero não inventar uma maneira de servir a Deus e espero entender a maneira que Deus quer que eu faça. Cantar pra Deus é bom, falar de Deus é bom, ouvir de Deus é bom, mas só tem uma coisa que faz a diferença na vida do homem que é obedecer a vontade de Deus. Eu quero ser encontrado um servo obediente, eu quero ser achado um servo fiel. A gente tem que desviar de propostas e atalhos todos os dias e, na verdade, o que eu quero é que Deus firme os meus passos. Nem sempre o que a gente tem que fazer para Deus é agradável, mas quero muito ser um referencial de Deus para os meus filhos. Eu quero que meu filho ponha a mão no peito e diga que quer ser um homem de Deus como o pai dele é. Se tem um projeto que eu tenho para 2013 é a cada dia me aproximar mais da vontade de Deus e me desviar desses atalhos que os homens criam que parecem ser caminhos bons, mas o final deles pode ser ruína.

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