5 de janeiro de 2016

Luiz Arcanjo e André Mattos, do Trazendo a Arca, falam sobre novo momento do grupo e o “CD Habito no Abrigo”, lançado pela Sony Music

Com 13 anos de carreira, o Trazendo a Arca, formado por Luiz Arcanjo, André Mattos, Isaac Ramos e Deco Rodrigues, encerrou o ano de 2015 vivendo uma nova fase ministerial. Além de ter assinado com a Sony Music Gospel e lançado o CD Habito no Abrigo, considerado por eles como o primeiro álbum totalmente ao vivo, o grupo já traçou metas para o novo ano. Durante um bate-papo realizado na sede da gravadora em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, os músicos Luiz Arcanjo e André Mattos conversam com o Gospel no Divã e falaram sobre esse novo tempo na carreira do grupo e anunciaram algumas novidades, como o novo CD solo de Luiz, cinco anos depois do disco focado na MPB, e a Escola de Ministros Trazendo a Arca (EMTA), um projeto online que visa aperfeiçoar os talentos daqueles que desejam se dedicar à obra de Deus da melhor forma. Em meio à uma sociedade brasileira marcada pela desordem e a falta de esperança, a mensagem de Habito no Abrigo vem trazer boas notícias e uma luz no fim do túnel para uma nação carente do amor de Deus.

1. Hoje o grupo se encontra com uma nova formação – com a saída do Ronald Fonseca – e em nova gravadora. Qual o balanço que vocês fazem desses 13 anos de caminhada?
Luiz Arcanjo: Muita coisa mudou nesses 13 anos e hoje o nosso desafio é aprender a usar os mecanismos que não tinha na época em que a gente começou que é esse universo digital. Mudou muito de lá pra cá a maneira de se ouvir música. Então, tecnicamente falando, a gente também teve que acompanhar essa evolução mantendo a essência do nosso ministério, mantendo a visão que a gente sempre teve, mas tentando inovar e evoluir musicalmente, tentando se reinventar dentro desse universo novo do mercado fonográfico. Agora, ministerialmente falando, muita coisa também mudou de lá pra cá. Eu sou pastor auxiliar de uma igreja, a gente é bastante envolvido com a igreja local. O Isaac (Ramos, guitarrista) é presbítero da Assembleia de Deus em Nova Iguaçu e eu sou pastor auxiliar na Unidade em Cristo na Ilha do Governador. Essa nova fase que o ministério está vivendo é uma fase de mais maturidade e tem sido uma experiência muito boa. Quando a gente começou a maneira de se ouvir música era outra. As pessoas tinham o hábito de ir a uma loja comprar um CD e hoje já não é mais assim e parece que a gente está falando de 50 anos atrás, mas é coisa de 13, 14 anos. Então a coisa anda veloz e, se a gente não se adapta a essa mudança, a gente fica pra trás porque a coisa não é mais como era antes e a Sony Music é a melhor estrutura que nós conseguimos encontrar para estar e atendeu aquilo que a gente imaginava como gravadora e tem sido ótima a parceria pra gente. Além de todo suporte profissional, a gente tem um relacionamento fantástico não só com o Maurício (Soares, A&R do selo gospel), mas com toda a equipe da Sony Music Gospel.

2. Antes de falarmos sobre o primeiro projeto inédito pela Sony Music, vocês lançaram um álbum com versões em espanhol de sucessos do grupo. Como foi essa experiência de gravar em outra língua e como foi a repercussão do disco?
Luiz Arcanjo: Esse CD em espanhol não foi um CD lançado para o Brasil, embora foi lançado aqui. A ideia é plantar uma semente pra que a gente consiga começar a falar não só com o Brasil, mas também com o mundo hispânico. Pra cada pessoa que fala português no mundo, existem de nove a dez pessoas que falam espanhol. Desde a época do Toque no Altar, em 2004, que sonhamos em gravar em espanhol. Por várias vezes começamos a estudar espanhol e parávamos e estou estudando agora com mais frequência. A gente já vinha se preparando para gravar esse CD e, graças a Deus, a semente foi plantada. Passamos o mês de janeiro de 2015 todo lançando esse CD nos Estados Unidos cantando nas igrejas hispanas, fomos à Cuba em junho, fomos na Bolívia em agosto e outro dia mandaram um vídeo dos cubanos cantando Serás sempre Deus. A gente sabe que é um projeto a médio e longo prazo. Elogiaram muita a nossa pronúncia e diziam que as músicas não pareciam uma tradução. Isso foi muito legal!

3. O “CD Na Casa dos Profetas” foi apontado pela crítica como um álbum que trouxe um Trazendo a Arca mais pop-rock e agora com “Habito no Abrigo”, vocês afirmam ser o disco mais congregacional desde o “Marca da Promessa”. Como foi essa transição de estilo e por que consideram esse ser o mais congregacional lançado pelo grupo?
Luiz Arcanjo: A gente sempre tocou um pouco de pop-rock, talvez o Na Casa dos Profetas teve uma quantidade de músicas que levassem mais para esse lado. Agora, há muito tempo a gente queria gravar alguma coisa totalmente ao vivo porque, na história do nosso ministério, nunca gravávamos uma coisa 1001% ao vivo e no Habito no Abrigo a gente quis ter essa experiência totalmente ao vivo e a ideia era captar, mesmo com um som pop-rock ou mais ou menos pop-rock, a essência do nosso ministério que é de música congregacional, de igreja. A gente faz música pra igreja cantar, então a ideia era captar essa essência da igreja, era gravar uma igreja cantando para que as pessoas tivessem essa experiência de quando ouvir se sentir no culto.

O CD Habito no Abrigo foi gravado totalmente ao vivo da Igreja Apostólica Unidade em Cristo na Ilha do Governador (RJ) | Fotos: Divulgação
4. Na época das gravações, Luiz Arcanjo declarou que “Habito no Abrigo vem marcar um novo momento para o grupo. Como isso está refletido no disco como um todo?
Luiz Arcanjo: Depois de dez anos eu fui pai de novo, estou com um bebê em casa, pela primeira vez estou mudando a minha cidade. Eu nasci em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e agora estou vindo em uma direção de Deus para a Ilha do Governador que é a porta de entrada da cidade do Rio de Janeiro, mas estou vindo também por uma razão bem espiritual. Ajudar os pastores da nossa igreja a apascentar aquele rebanho tem sido uma experiência fantástica. Eu sempre fui muito envolvido com a liderança da igreja, mas em nenhum lugar nunca foi tão forte assim como agora. Estou em nova casa, uma gravadora nova, hoje podemos dizer que somos um grupo totalmente missionário. A gente está muito mais missionário do que sempre foi em todos esses 13 anos.
André Mattos: A gente entende que esse CD chegou mais maduro. Talvez as pessoas confundam um pouco essa coisa de arranjos, mas nossa parte musical sempre foi bem pop.

5. E como foi gravar o CD na igreja de vocês – a Igreja Apostólica Unidade em Cristo?
Luiz Arcanjo: Foi bem legal porque é o seu povo, já tem uma interação, um link e você dá oportunidade às pessoas de participar de algo que vai ser profético para o Brasil. A direção que Deus nos deu para esse CD é falar com a nação e tenho certeza de que muita gente vai ser tocada, impactada com essas canções e você dar oportunidade para sua igreja participar disso é uma igreja que está profetizando.

6. Ao ouvir algumas canções, a gente remete ao “CD Salmos e Cânticos Espirituais (2009)” pela forte influência desses textos no repertório. Vocês beberam novamente dessa fonte e quais foram as outras inspirações para o repertório desse trabalho?
Luiz Arcanjo: O CD tem 11 músicas que são de autoria do ministério e a música que dá tema ao CD é de um amigo e profeta de Deus na Guatemala, um camarada ungidaço de Deus, o Julio Melgar, que já esteve na nossa igreja e, quando eu ouvi essa canção, e sabendo o que Deus fez na Guatemala, que hoje é um país com mais de 50% de cristãos protestantes e Deus tem mudado o quadro político-social daquela nação por conta do poder do Evangelho, senti algo no meu espírito que essa é uma canção profética para os nossos dias também no Brasil. Se você liga a televisão ou vê um noticiário na internet ou no rádio, você não vê uma única notícia que te dê esperança. Outro dia eu tive a paciência de ficar zapeando, terminava um noticiário e ia pro outro e eu não ouvi uma única notícia boa em um dia e isso não pode ser natural. Se a gente olhar isso com olhos espirituais, a gente percebe que as pessoas estão cabisbaixas, é todo mundo muito estressado. A gente é bombardeado com péssimas notícias e esse é um CD de boas-novas. Outro dia eu estava no aeroporto e eu li a capa de uma revista que dizia ‘Vai ficar pior’, mas o céu não está em crise, o Reino de Deus não está em crise e esse CD é nossa maneira de dizer isso às pessoas. Você pode sim continuar tendo esperança, continuar confiando no Senhor, existem canções com ministrações como a Estações que fala exatamente disso – ‘Que por mais escura que seja uma noite / Ela não resiste à luz de cada amanhecer / E o choro da noite vai passar / Quando a manhã chegar’. Então existe um amanhã de Deus, tem luz no fim do túnel sim. Se eu pudesse definir esse CD em uma frase, esse é um CD de boas notícias.

7. Vocês já haviam participado do “CD Não me deixes desistir”, de Ana Nóbrega, e como foi agora ter a cantora participando na faixa “O Senhor é Bom”?
Luiz Arcanjo: A Ana congrega lá com a gente, nós somos irmãos de ministério e é minha vizinha agora. Ela também é do quadro de pastores da igreja. Foi uma honra participar do CD maravilhoso dela e ela é uma pessoa ungida e uma voz abençoada. É a primeira participação que a gente tem em CD.

Ana Nóbrega é a primeira participação especial em um álbum do Trazendo a Arca em 13 anos de carreira do grupo
8. E vocês lançaram o CD de forma inédita através do projeto Sony Music Live. Como foi participar dessa iniciativa da Sony e qual tem sido a repercussão do público?
Luiz Arcanjo: Foi muito legal porque isso é novo pra gente. Nós somos meio que vovôs, a gente está na época do papel de pão, recebendo cartinha. Essa inclusão digital é meio complicado. Videoclipe é nosso ‘Calcanhar de Aquiles’. Todo mundo tem videoclipe e a gente é meio atrasado nesse quesito e o Sony Music Live é nossa inclusão porque foi um projeto diferenciado, não é um clipe, não é um DVD, mas é um projeto voltado para a internet que é o futuro. Quem viu, curtiu.
André Mattos: Ele tem três músicas disponíveis, mas a gente gravou todo o CD e daqui a pouco vai rolar mais. Foi bacana também pela questão desse CD Habito no Abrigo ter sido ao vivo e conseguir captar a unção daquele momento da gravação, mas sem a imagem fica difícil se transportar para aquele dia e esses vídeos vão ajudar bastante. A gente está muito feliz por conseguir eternizar, tanto no disco quanto nos vídeos, a gravação do CD que foi desafiador gravar 100% ao vivo por questões técnicas, como vazamento de áudio no microfone. Foi bacana e espero que o povo também goste bastante.

9. Quais canções seriam os carros-chefes desse disco?
Luiz Arcanjo: Sempre aconteceu isso com todos os nossos CDs. Eu me identifico mais com uma música e no Brasil isso também acontece em regiões diferentes. Você vai pro Nordeste e lá está cantando uma música, no Sul está cantando outra. Eu lembro que no CD Olha pra Mim, eu sempre gostei mais da faixa Tua graça me basta, mas a música que mais tocou foi Olha pra Mim.
André Mattos: Tem lugares que pedem pra tocar Na Corte do Egito...
Luiz Arcanjo: Eu, por exemplo, no CD Marca da Promessa sempre gostei mais da música Sobre as Águas, mas a que mais tocou foi Marca da Promessa. Nem sempre a canção que dá nome ao CD significa que será a canção mais cantada ou mais bonita. Eu gosto de todas senão não teria cantado, mas essa pergunta é meio difícil. Agora, as que mais ministro são Habito no Abrigo, Levanta e Anda e Estações. E a que eu mais gosto de fazer devocional é Adorai.

10. Em relação ao projeto gráfico, feita pelo David Cerqueira, da Agência Excellence, inicialmente a capa teria um homem no cume do monte, mas vocês optaram por ter uma casa. Por que essa alteração e como vocês avaliam a capa do disco, sendo que é a primeira coisa que a gente vê quando vai à uma loja?
Luiz Arcanjo: Eu fiquei pensando como representar isso porque Habito no Abrigo faz alusão ao Salmo 91. Eu dei essa ideia pro David de um lugar extremamente alto que passasse a ideia de segurança, de firmeza e de proteção. Eu mandei até algumas imagens pra ele imaginar uma montanha que ultrapassa a nuvem e aí ele colocou um homem nessa montanha, mas a gente achou que uma casa daria uma ideia de habitar. A gente foi conversando e eu gostei muito e tomara que a capa tenha conseguido representar nossa intenção.

11. Paralelo ao Trazendo a Arca, André e Luiz têm seus projetos paralelos. André lançou um DVD com workshop de bateria e Luiz tem seu álbum de samba. Vocês pretendem dar sequência a esses trabalhos?
Luiz Arcanjo: O repertório está pronto já para o CD que vou gravar em 2016 e pretendo lançar no segundo semestre. Posso adiantar que quem esperou cinco anos desde que lancei meu primeiro CD, não vai se arrepender. Modéstia à parte, eu sou meio suspeito para falar, sou o pai da criança, mas está bem bacana o repertório e estou pensando em três participações para esse CD.
André Mattos: Não vou lançar um novo DVD de videoaula, mas o grupo está lançando uma Escola de Ministros Trazendo a Arca (EMTRA). Tínhamos em nosso coração lançar uma escola de músicos em algo físico e a gente viu o quanto isso seria pequeno para o que o Trazendo a Arca representa no país e fora dele. Com o avanço da tecnologia, estamos viabilizando isso e a gente está lançando uma escola de ministros que, além de música, teremos outros cursos para dar suporte inclusive às igrejas. A gente está começando com as aulas de instrumentos que é teclado, guitarra, canto, violão, bateria, baixo, mas a gente vai ter outros cursos livres como teologia, curso de idiomas para quem é missionário.
Luiz Arcanjo: Por todos os lugares que a gente roda pelo Brasil afora, tem sempre aquela galera que quer se envolver ministerialmente, que quer estudar com a gente e não tem como atender. Tem gente que liga achando que temos uma escola, pastores que querem mandar os meninos da igreja para estudar com a gente. Então, entendemos que, tendo como discipular essas pessoas online, o cara vai ter a oportunidade de aprender um instrumento e ser ministrado, ser discipulado. A Internet nos favorece nesse sentido e vamos lançar nossa escola online. Estamos convidando pastores muito conhecidos.
André Mattos: Tudo isso inclusive com certificado.
Luiz Arcanjo: Vai ter curso de áudio pro cara quer ser técnico de som da igreja.
André Mattos: E tem igreja que não está preparado para receber um surdo e mudo, precisa de alguém que tenha curso de Libras, vamos oferecer esse curso também no EMTRA. E uma boa oportunidade para ter as informações é nossa fan-page e é por lá que a gente vai anunciar a inauguração dos cursos online.

Além do CD Habito no Abrigo, o Trazendo a Arca também irá lançar a Escola de Ministros Trazendo a Arca (EMTRA)
12. O que o público pode esperar dessa nova fase do Trazendo a Arca e do projeto “Habito no Abrigo”?
Luiz Arcanjo: É um CD de adoração, é um CD para você ouvir, meditar, adorar, deixar-se ser ministrado. É um culto, é um CD para você cultuar ao Senhor, pra te ajudar no seu devocional.
André Mattos: A gente trata os nossos álbuns como filho desde o momento de composição, a gestação, a gente vê a barriguinha crescer, a gente está sempre muito próximo na questão da capa, da mixagem, da masterização para quando chegar na mão da pessoa que adquirir o CD – na internet ou físico – ela sinta a mesma coisa que a gente sente quando recebe as revelações através das palavras, composições e arranjos. Nosso desejo é esse: quando as pessoas pegarem o CD para ouvir, elas estejam com o coração aberto para receber o que está aqui. Tudo foi preparado com muito carinho e amor e as pessoas são nosso alvo principal e nosso desejo é que as canções cheguem aos lugares onde a gente não chega pessoalmente e a mídia é importantíssima nisso.

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