Em 2006, Fernanda Brum lançava o seu oitavo álbum Profetizando às Nações e um dos singles
deste trabalho – Jesus, Meu Primeiro
Amor – tinha a participação da novata Arianne. Três anos depois, ela
lançava seu álbum de estreia – Por Me
Amar (2009), que estourava nas rádios com um pop-rock ainda tímido e
baladas congregacionais com canções como Por
me Amar e A Cruz Não foi o fim,
que foram sucessos absolutos sendo entoados em várias igrejas.
O segundo trabalho intitulado Tempo de Voltar (2011), veio na mesma linha do anterior, porém com
letras mais fortes e arranjos mais trabalhados. O single que dá nome ao CD ocupou,
desde o lançamento, os primeiros lugares nas rádios. Mas, a grande surpresa do
CD ficou com Amor de dia, um hit com
uma pegada indie elogiada pela crítica e pelo público.
O terceiro álbum – Música
da Minha Vida (2013) – fincou a identidade da cantora com uma mescla de indie,
pop-rock e músicas congregacionais. Arianne montou um repertório quase
conceitual e as faixas Deserto, Nas Mão de Deus, Uma História com Deus e Música
da Minha Vida mostraram sua versatilidade e maturidade.
Ao longo desses dez anos vimos a adolescente se tornar uma
cantora de atitude com uma voz potente. Hoje, as vésperas de seu quarto e tão
aguardado trabalho, a cantora tem público fiel, milhares de seguidores
ansiosos, atentos a cada movimento seu. Transparente e incisiva, Arianne não se
esquiva das polêmicas do mundo evangélico.
A cantora bateu um papo com a equipe do Gospel no Divã e
falou sobre o seu novo CD Outono, de
sua saída da MK Music, da relação com seu público e do momento que vive
atualmente. E para saciar um pouco a curiosidade do público, ela lançou nesta
sexta-feira o primeiro single do disco, que será lançado pela Onimusic: a
canção Azul, escrita por Silas Erbe,
e que já está nas plataformas digitais.
1. Muito se falou dos
motivos de sua saída da MK Music e isso gerou grande especulação entre seu
público. O real motivo foi mesmo uma decisão comercial da gravadora?
Marcamos uma reunião
no Rio para planejarmos os próximos passos e eu apresentei o projeto do DVD dos
Clássicos, que foi algo que deu muito certo, mas tem um custo mais alto. A
gravadora entendeu que não havia viabilidade financeira para tal e ao final das
conversas, deixaram as portas abertas para realizar outro modelo de contrato,
que não me interessou. Assim decidi seguir outro rumo. Gosto sempre de
reafirmar ao responder esse tipo de pergunta que sou grata à MK. Eles me
trataram com carinho, me respeitaram e investiram em mim, logo, o único
sentimento que sobra é de gratidão.
2. Por falar em seu
público, você mantém uma relação muito próxima através das redes sociais. Quais
os pontos positivos e negativos que você considera dessa interação?
Olha, na verdade, eu
acho que preciso melhorar muito a minha interação com o público. Ainda me acho
muito abaixo do que eles merecem. O ponto positivo, sem dúvida, é o
relacionamento que se cria com as pessoas, o carinho, o diálogo, a troca que se
tem. Algumas pessoas me escrevem contando testemunhos, pedindo oração, me dando
alguns toques, etc. Se eu estiver sumida eles me mandam inbox dizendo que
preciso aparecer (risos). Isso é muito bom! Quanto aos pontos negativos,
sinceramente não me vem à cabeça nenhum.
3. Por falar nas
redes sociais, foram elas que você usou para falar sobre as mudanças em sua
carreira fazendo um diário sobre a produção do seu novo trabalho através de seu
canal no YouTube. O que motivou essa abordagem e como tem sido o retorno do
público?
As pessoas já estavam
me perguntando muito sobre a minha saída da MK. A priori eu tinha pensado em
nem comentar esse assunto, mas depois de tantas perguntas percebi que meu
público merecia saber por mim o que tinha acontecido. Recebi muitas mensagens
me dando apoio, outras de pessoas se dizendo arrasadas com a notícia, mas o
apoio venceu (risos)!
4. Em seu canal, você
abordou a relevância que o mundo gospel dá em relação às gravadoras e o seu CD
vai sair pela Onimusic. Já era previsto essa decisão de buscar outra gravadora
e o que lhe motivou a assinar com a Oni? Houve outras propostas?
Sou amiga de muita
gente da indústria e fui orientada de forma unânime (acredite, todos que
conversei literalmente) a trabalhar com o Nelsinho (responsável pela Oni, que é
uma distribuidora, não gravadora). Atributos como liberdade, transparência,
respeito ao artista, visão de reino e profissionalismo me chamaram atenção
antes mesmo da primeira reunião com ele. Portanto, em uma conversa de meia hora
no escritório deles em BH, saí convicta que estava tomando a decisão certa.
Esse papo foi logo após a minha viagem ao Rio para abordar as conversas com a
MK, então não houve espaço disponível para conversar com mais ninguém. Não digo
que nunca mais terei contrato com gravadora, mas decidi experimentar essa fase
de independência. Tem gente que vive bem assim e está feliz há anos. Se eu me
acostumar, talvez seja uma história de longo prazo.
5. Você divulgou
alguns nomes que compuseram para este novo trabalho como Marcos Almeida e
Lorena Chaves. Por que você buscou esses compositores e existe alguma
composição sua?
Além de supertalentosos
e eu admirá-los demais, eles são meus amigos pessoais. Quando decidimos o nome
do CD, antes de ter alguma música com o tema, pensamos no nome do Marquinho (Marcos
Almeida) e assim que mandamos o nome Outono
para ele, ele já respondeu a mensagem com uma estrofe e a música ficou linda. Eu
e Lo (Lorena Chaves) nos encontramos pelo menos uma vez por semana e numa vinda
dela aqui em casa ela me mostrou uma música muito diferente e linda. Falei com
ela que iria gravar e ela liberou. Tem uma música minha, teriam mais, mas
depois que me tornei mãe, o tempo ficou infinitamente mais escasso...
6. Pela linha dos
compositores, percebemos que veremos uma Arianne bem diferente dos seus CDs
pela MK. Como isso está se refletindo no projeto como um todo?
Realmente é um CD bem
diferente de tudo o que já fiz. Acredito que cada tem sua própria história! É
difícil manter a mesma linha em todos, principalmente porque vivo outro
momento, existem outras influências e em cada novo trabalho estamos mais
maduros. Tenho certeza que o público entenderá esse amadurecimento. O álbum
está mais poético, mais visceral, arranjos mais sóbrios, foge dos clichês que
formatam a ‘cultura gospel’. Sei que vender esse tipo de trabalho é diferente
de vender a historinha que ‘sua vida está um desastre, mas Deus vai te abençoar’,
mas entre o mercado e a verdade que vivencio, opto pela segunda.
7. Parte dessa nova
Arianne foi vista pelo público no projeto Clássicos, que seria lançado em DVD e
não foi. Foi uma decisão sua ou da MK na época? Agora, nesse novo tempo, é
possível vermos esse projeto se tornando realidade?
O Clássicos é um projeto que ainda mora no meu coração. Quero muito
que ele saia do papel. Tivemos que adiar um pouco esse sonho, mas ele continua
bem vivo em mim. Espero que em pouco tempo consigamos realizá-lo. A ideia é
mostrar para essa turma que nasceu na década de 90 para cá, que a música
evangélica teve muita coisa boa, que cantávamos nos cultos, nas rodas de
acampamento e hoje não se ouve mais. Na verdade, confesso que são as minhas
preferidas...
8. Nesse projeto,
você contou com a participação da Daniela Araújo e ela retorna com uma
participação no seu novo CD. Como começou essa parceria?
Conheci a Dani há um
tempo atrás, quando ainda morava no Rio e ela ainda nem tinha gravado seu
primeiro CD. Fomos apresentadas por uma amiga em comum que é a Rebeca Kessler.
Depois de um bom tempo nos encontramos de novo em BH, onde passamos o dia
inteiro juntas e pudemos nos conhecer melhor. Tive a ideia de incluí-la no
projeto dos Clássicos pela história
que ela tem com a música cristã porque, assim como eu, ela cresceu na igreja e
sabe a importância dessas canções na nossa formação musical. Pessoalmente,
tenho muito carinho por ela, a Dani é verdadeira, fala claro, pensa grande, é bom
ter gente assim sonhando junto, nos mesmos projetos.
9. Existem outras
participações no CD?
Sim, mas como ainda
não está confirmada por descasamento de agendas, prefiro não comentar.
10. Por que decidiu
produzir o CD nos EUA?
Pela estrutura,
qualidade de equipamentos, seriedade e etc. Não digo que não existam esses
atributos em profissionais/gravações do Brasil, é bobagem pensar assim, mas o
custo de poder acessar o melhor aqui é bem maior do que lá fora. Lá você pode
ir para grandes estúdios, gravar em microfones de 10 mil dólares pagando
preço/hora de estúdios simples do Brasil. O custo de um bom músico de gravação
lá fora é pouco maior que no Brasil (mesmo considerando o dólar alto). Além da
parte técnica, sempre tive curiosidade em saber como seria produzir um CD com a
musicalidade ‘gringa’ e essa oportunidade surgiu com um grande amigo nosso que
é o Sergio Cavalieri que nos empolgou com essa ideia. Ele mora lá há um tempo e
viabilizou muita coisa bacana a um custo legal. Fora que temos uma parceira de
longas datas que é a agência de viagem Acalento, que facilitou ainda mais nos
custos e despesas da nossa viagem para colocação de voz.
Nas plataformas de streaming,
sairá na sexta-feira agora, dia 22, a canção Azul, de Silas Erbe. Vamos lançar neste dia também o lyric vodeo da
canção. Estou ansiosa para saber a receptividade do público. Já estávamos com a
maioria das músicas do repertório selecionado quando o Silas me ligou
perguntando se podia mandar uma música. Ele mandou, mas só tinha a primeira
estrofe e o refrão. Achei a música linda, mas falei com ele que aquele coração
não podia continuar sendo de pedra (risos), alguma coisa teria que acontecer para
mudar esse coração. Ele me ligou uma hora depois com a segunda estrofe. Quando
ouvi comecei a pular e gargalhar na sala. Amei a música! O arranjo dela ficou
incrível, e assim nasceu Azul.
12. O que mais pode
nos adiantar sobre o que o público vai encontrar no “CD Outono”?
As músicas estão
maravilhosas e os arranjos incríveis!!! Tudo bem que sou suspeita, mas vocês
não perdem por esperar!! A única coisa que posso adiantar é que vem algo novo,
algo que certamente vai surpreender meu público pela intensidade da mudança,
mas sem dúvida todos vão gostar!
13. Quais outras
novidades do ministério Arianne?
Tenho sentido já há um
tempo uma direção para a Palavra, de alguma forma sinto que Deus está me
direcionando pra isso, mas ainda preciso me preparar muito.
14. Falando ainda na
sua carreira, você se mudou do Rio para Belo Horizonte, uma cidade conhecida
pela atmosfera de adoração e grandes representantes no estilo mais
congregacional como Diante do Trono e Clamor pelas Nações. Como essa mudança de
cidade tem se refletido na sua vida e na sua música?
Na verdade Belo
Horizonte é muito diferente do Rio de Janeiro. As pessoas com quem ando são
muito envolvidas com arte, tem um olhar criativo diferenciado e isso sem dúvida
trouxe para mim nova perspectiva sobre a música. Pretendo dedicar mais tempo à
minha igreja local, ministrando nos cultos e participando ativamente conforme
fazia na IBC da Barra. No entanto, ainda tenho desafios a vencer na
administração entre a música e a vida de mãe com os compromissos da igreja
local.
15. Além da mudança
de cidade, você também está experimentando a vida de mãe. Isso, de alguma
forma, mudou seu jeito de enxergar a música?
Não sei se mudou meu
jeito de enxergar a música, mas quero muito que meu filho seja envolvido com
ela. A gente se torna mais sensível com certeza e essa sensibilidade se reflete
na minha música sim.
16. Além da questão
musical, o que difere a Arianne antes e depois da maternidade?
O tempo (risos). Não
tenho tempo pra nada!!! Conseguir responder a essa entrevista já foi tenso.
Deixei o menino no berço para conseguir! A maternidade muda tudo na nossa vida.
Foi a melhor coisa que me aconteceu e, por mim, já emendava em outro (risos)!
17. Você mudaria
algum momento na sua trajetória musical e ministerial?
Não me vem à cabeça
nada em especial. Acho que tudo acontece de acordo com a fase em que se está. A
pessoa que eu era é muito diferente de quem eu sou hoje, mas tudo valeu para o
tempo em que foi feito.
18. Que música você
escuta e quais as influências?
Escuto sons diferentes
que obviamente me influenciam. Gosto de Gungor, John Mayer, Jon Thurlow, Josh
Garrels, Rivers & Robots, Sara Bareilles e mais uma galera. Tem uma
playlist no Spotfy com as músicas que estou ouvindo, chama-se Playlist da Ari, lá é possível
encontrar várias.
19. Qual de suas
canções mais marcaram sua vida?
São muitas... Por me Amar, Tempo de Voltar, Tem a Tua
Cor, Jesus, Amor de Dia, Deserto, Deus que Sara, Nas Mãos de Deus e Disfarce
(que tenho muito orgulho de ter gravado).
20. Existe uma música
sua que você não gosta e que se fosse hoje não teria gravado seja pelo estilo
ou por outro motivo?
Na verdade tem uma
música que gravei que não teria gravado nem na época. Depois de gravar passei a
noite chorando, tudo porque a letra diz algo que não concordo, mas não sei
falarei o nome porque sei que muitas pessoas gostam dela e não quero
frustrá-las. Mas é uma experiência que não vou viver jamais.
Que música será essa que Arinne foi obrigada a gravar que a fez passar a noite chorando de tristeza?
ResponderExcluir"Entre o mercado e a verdade que vivencio, opto pela segunda",ainda preciso dizer porque gosto da Arianne?
ResponderExcluirÓtimo. Adoração a Cristo em primeiro lugar. O cd está lindo, vale a pena comprar
ResponderExcluir