22 de julho de 2016

ARTISTA NO DIVÃ: Arianne fala sobre carreira, maternidade e o novo “CD Outono”

Em 2006, Fernanda Brum lançava o seu oitavo álbum Profetizando às Nações e um dos singles deste trabalho – Jesus, Meu Primeiro Amor – tinha a participação da novata Arianne. Três anos depois, ela lançava seu álbum de estreia – Por Me Amar (2009), que estourava nas rádios com um pop-rock ainda tímido e baladas congregacionais com canções como Por me Amar e A Cruz Não foi o fim, que foram sucessos absolutos sendo entoados em várias igrejas.

O segundo trabalho intitulado Tempo de Voltar (2011), veio na mesma linha do anterior, porém com letras mais fortes e arranjos mais trabalhados. O single que dá nome ao CD ocupou, desde o lançamento, os primeiros lugares nas rádios. Mas, a grande surpresa do CD ficou com Amor de dia, um hit com uma pegada indie elogiada pela crítica e pelo público.

O terceiro álbum – Música da Minha Vida (2013) – fincou a identidade da cantora com uma mescla de indie, pop-rock e músicas congregacionais. Arianne montou um repertório quase conceitual e as faixas Deserto, Nas Mão de Deus, Uma História com Deus e Música da Minha Vida mostraram sua versatilidade e maturidade.     

Ao longo desses dez anos vimos a adolescente se tornar uma cantora de atitude com uma voz potente. Hoje, as vésperas de seu quarto e tão aguardado trabalho, a cantora tem público fiel, milhares de seguidores ansiosos, atentos a cada movimento seu. Transparente e incisiva, Arianne não se esquiva das polêmicas do mundo evangélico.

A cantora bateu um papo com a equipe do Gospel no Divã e falou sobre o seu novo CD Outono, de sua saída da MK Music, da relação com seu público e do momento que vive atualmente. E para saciar um pouco a curiosidade do público, ela lançou nesta sexta-feira o primeiro single do disco, que será lançado pela Onimusic: a canção Azul, escrita por Silas Erbe, e que já está nas plataformas digitais.


1. Muito se falou dos motivos de sua saída da MK Music e isso gerou grande especulação entre seu público. O real motivo foi mesmo uma decisão comercial da gravadora?
Marcamos uma reunião no Rio para planejarmos os próximos passos e eu apresentei o projeto do DVD dos Clássicos, que foi algo que deu muito certo, mas tem um custo mais alto. A gravadora entendeu que não havia viabilidade financeira para tal e ao final das conversas, deixaram as portas abertas para realizar outro modelo de contrato, que não me interessou. Assim decidi seguir outro rumo. Gosto sempre de reafirmar ao responder esse tipo de pergunta que sou grata à MK. Eles me trataram com carinho, me respeitaram e investiram em mim, logo, o único sentimento que sobra é de gratidão.

2. Por falar em seu público, você mantém uma relação muito próxima através das redes sociais. Quais os pontos positivos e negativos que você considera dessa interação?
Olha, na verdade, eu acho que preciso melhorar muito a minha interação com o público. Ainda me acho muito abaixo do que eles merecem. O ponto positivo, sem dúvida, é o relacionamento que se cria com as pessoas, o carinho, o diálogo, a troca que se tem. Algumas pessoas me escrevem contando testemunhos, pedindo oração, me dando alguns toques, etc. Se eu estiver sumida eles me mandam inbox dizendo que preciso aparecer (risos). Isso é muito bom! Quanto aos pontos negativos, sinceramente não me vem à cabeça nenhum.

3. Por falar nas redes sociais, foram elas que você usou para falar sobre as mudanças em sua carreira fazendo um diário sobre a produção do seu novo trabalho através de seu canal no YouTube. O que motivou essa abordagem e como tem sido o retorno do público?
As pessoas já estavam me perguntando muito sobre a minha saída da MK. A priori eu tinha pensado em nem comentar esse assunto, mas depois de tantas perguntas percebi que meu público merecia saber por mim o que tinha acontecido. Recebi muitas mensagens me dando apoio, outras de pessoas se dizendo arrasadas com a notícia, mas o apoio venceu (risos)!

4. Em seu canal, você abordou a relevância que o mundo gospel dá em relação às gravadoras e o seu CD vai sair pela Onimusic. Já era previsto essa decisão de buscar outra gravadora e o que lhe motivou a assinar com a Oni? Houve outras propostas?
Sou amiga de muita gente da indústria e fui orientada de forma unânime (acredite, todos que conversei literalmente) a trabalhar com o Nelsinho (responsável pela Oni, que é uma distribuidora, não gravadora). Atributos como liberdade, transparência, respeito ao artista, visão de reino e profissionalismo me chamaram atenção antes mesmo da primeira reunião com ele. Portanto, em uma conversa de meia hora no escritório deles em BH, saí convicta que estava tomando a decisão certa. Esse papo foi logo após a minha viagem ao Rio para abordar as conversas com a MK, então não houve espaço disponível para conversar com mais ninguém. Não digo que nunca mais terei contrato com gravadora, mas decidi experimentar essa fase de independência. Tem gente que vive bem assim e está feliz há anos. Se eu me acostumar, talvez seja uma história de longo prazo.


5. Você divulgou alguns nomes que compuseram para este novo trabalho como Marcos Almeida e Lorena Chaves. Por que você buscou esses compositores e existe alguma composição sua?
Além de supertalentosos e eu admirá-los demais, eles são meus amigos pessoais. Quando decidimos o nome do CD, antes de ter alguma música com o tema, pensamos no nome do Marquinho (Marcos Almeida) e assim que mandamos o nome Outono para ele, ele já respondeu a mensagem com uma estrofe e a música ficou linda. Eu e Lo (Lorena Chaves) nos encontramos pelo menos uma vez por semana e numa vinda dela aqui em casa ela me mostrou uma música muito diferente e linda. Falei com ela que iria gravar e ela liberou. Tem uma música minha, teriam mais, mas depois que me tornei mãe, o tempo ficou infinitamente mais escasso...

6. Pela linha dos compositores, percebemos que veremos uma Arianne bem diferente dos seus CDs pela MK. Como isso está se refletindo no projeto como um todo?
Realmente é um CD bem diferente de tudo o que já fiz. Acredito que cada tem sua própria história! É difícil manter a mesma linha em todos, principalmente porque vivo outro momento, existem outras influências e em cada novo trabalho estamos mais maduros. Tenho certeza que o público entenderá esse amadurecimento. O álbum está mais poético, mais visceral, arranjos mais sóbrios, foge dos clichês que formatam a ‘cultura gospel’. Sei que vender esse tipo de trabalho é diferente de vender a historinha que ‘sua vida está um desastre, mas Deus vai te abençoar’, mas entre o mercado e a verdade que vivencio, opto pela segunda.

7. Parte dessa nova Arianne foi vista pelo público no projeto Clássicos, que seria lançado em DVD e não foi. Foi uma decisão sua ou da MK na época? Agora, nesse novo tempo, é possível vermos esse projeto se tornando realidade?
O Clássicos é um projeto que ainda mora no meu coração. Quero muito que ele saia do papel. Tivemos que adiar um pouco esse sonho, mas ele continua bem vivo em mim. Espero que em pouco tempo consigamos realizá-lo. A ideia é mostrar para essa turma que nasceu na década de 90 para cá, que a música evangélica teve muita coisa boa, que cantávamos nos cultos, nas rodas de acampamento e hoje não se ouve mais. Na verdade, confesso que são as minhas preferidas...



8. Nesse projeto, você contou com a participação da Daniela Araújo e ela retorna com uma participação no seu novo CD. Como começou essa parceria?
Conheci a Dani há um tempo atrás, quando ainda morava no Rio e ela ainda nem tinha gravado seu primeiro CD. Fomos apresentadas por uma amiga em comum que é a Rebeca Kessler. Depois de um bom tempo nos encontramos de novo em BH, onde passamos o dia inteiro juntas e pudemos nos conhecer melhor. Tive a ideia de incluí-la no projeto dos Clássicos pela história que ela tem com a música cristã porque, assim como eu, ela cresceu na igreja e sabe a importância dessas canções na nossa formação musical. Pessoalmente, tenho muito carinho por ela, a Dani é verdadeira, fala claro, pensa grande, é bom ter gente assim sonhando junto, nos mesmos projetos.


9. Existem outras participações no CD?
Sim, mas como ainda não está confirmada por descasamento de agendas, prefiro não comentar.

10. Por que decidiu produzir o CD nos EUA?
Pela estrutura, qualidade de equipamentos, seriedade e etc. Não digo que não existam esses atributos em profissionais/gravações do Brasil, é bobagem pensar assim, mas o custo de poder acessar o melhor aqui é bem maior do que lá fora. Lá você pode ir para grandes estúdios, gravar em microfones de 10 mil dólares pagando preço/hora de estúdios simples do Brasil. O custo de um bom músico de gravação lá fora é pouco maior que no Brasil (mesmo considerando o dólar alto). Além da parte técnica, sempre tive curiosidade em saber como seria produzir um CD com a musicalidade ‘gringa’ e essa oportunidade surgiu com um grande amigo nosso que é o Sergio Cavalieri que nos empolgou com essa ideia. Ele mora lá há um tempo e viabilizou muita coisa bacana a um custo legal. Fora que temos uma parceira de longas datas que é a agência de viagem Acalento, que facilitou ainda mais nos custos e despesas da nossa viagem para colocação de voz.

11. Já existe alguma data de lançamento para o primeiro single e já decidiram qual música?
Nas plataformas de streaming, sairá na sexta-feira agora, dia 22, a canção Azul, de Silas Erbe. Vamos lançar neste dia também o lyric vodeo da canção. Estou ansiosa para saber a receptividade do público. Já estávamos com a maioria das músicas do repertório selecionado quando o Silas me ligou perguntando se podia mandar uma música. Ele mandou, mas só tinha a primeira estrofe e o refrão. Achei a música linda, mas falei com ele que aquele coração não podia continuar sendo de pedra (risos), alguma coisa teria que acontecer para mudar esse coração. Ele me ligou uma hora depois com a segunda estrofe. Quando ouvi comecei a pular e gargalhar na sala. Amei a música! O arranjo dela ficou incrível, e assim nasceu Azul.

12. O que mais pode nos adiantar sobre o que o público vai encontrar no “CD Outono”?
As músicas estão maravilhosas e os arranjos incríveis!!! Tudo bem que sou suspeita, mas vocês não perdem por esperar!! A única coisa que posso adiantar é que vem algo novo, algo que certamente vai surpreender meu público pela intensidade da mudança, mas sem dúvida todos vão gostar!

13. Quais outras novidades do ministério Arianne?
Tenho sentido já há um tempo uma direção para a Palavra, de alguma forma sinto que Deus está me direcionando pra isso, mas ainda preciso me preparar muito.

14. Falando ainda na sua carreira, você se mudou do Rio para Belo Horizonte, uma cidade conhecida pela atmosfera de adoração e grandes representantes no estilo mais congregacional como Diante do Trono e Clamor pelas Nações. Como essa mudança de cidade tem se refletido na sua vida e na sua música?
Na verdade Belo Horizonte é muito diferente do Rio de Janeiro. As pessoas com quem ando são muito envolvidas com arte, tem um olhar criativo diferenciado e isso sem dúvida trouxe para mim nova perspectiva sobre a música. Pretendo dedicar mais tempo à minha igreja local, ministrando nos cultos e participando ativamente conforme fazia na IBC da Barra. No entanto, ainda tenho desafios a vencer na administração entre a música e a vida de mãe com os compromissos da igreja local.

15. Além da mudança de cidade, você também está experimentando a vida de mãe. Isso, de alguma forma, mudou seu jeito de enxergar a música?
Não sei se mudou meu jeito de enxergar a música, mas quero muito que meu filho seja envolvido com ela. A gente se torna mais sensível com certeza e essa sensibilidade se reflete na minha música sim.

16. Além da questão musical, o que difere a Arianne antes e depois da maternidade?
O tempo (risos). Não tenho tempo pra nada!!! Conseguir responder a essa entrevista já foi tenso. Deixei o menino no berço para conseguir! A maternidade muda tudo na nossa vida. Foi a melhor coisa que me aconteceu e, por mim, já emendava em outro (risos)!

17. Você mudaria algum momento na sua trajetória musical e ministerial?
Não me vem à cabeça nada em especial. Acho que tudo acontece de acordo com a fase em que se está. A pessoa que eu era é muito diferente de quem eu sou hoje, mas tudo valeu para o tempo em que foi feito.

18. Que música você escuta e quais as influências?
Escuto sons diferentes que obviamente me influenciam. Gosto de Gungor, John Mayer, Jon Thurlow, Josh Garrels, Rivers & Robots, Sara Bareilles e mais uma galera. Tem uma playlist no Spotfy com as músicas que estou ouvindo, chama-se Playlist da Ari, lá é possível encontrar várias.


19. Qual de suas canções mais marcaram sua vida?
São muitas... Por me Amar, Tempo de Voltar, Tem a Tua Cor, Jesus, Amor de Dia, Deserto, Deus que Sara, Nas Mãos de Deus e Disfarce (que tenho muito orgulho de ter gravado).

20. Existe uma música sua que você não gosta e que se fosse hoje não teria gravado seja pelo estilo ou por outro motivo?
Na verdade tem uma música que gravei que não teria gravado nem na época. Depois de gravar passei a noite chorando, tudo porque a letra diz algo que não concordo, mas não sei falarei o nome porque sei que muitas pessoas gostam dela e não quero frustrá-las. Mas é uma experiência que não vou viver jamais. 

3 comentários:

  1. Que música será essa que Arinne foi obrigada a gravar que a fez passar a noite chorando de tristeza?

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  2. "Entre o mercado e a verdade que vivencio, opto pela segunda",ainda preciso dizer porque gosto da Arianne?

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  3. Ótimo. Adoração a Cristo em primeiro lugar. O cd está lindo, vale a pena comprar

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Shalom Adonai



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