Evangélico, flamenguista, adorador e surfista... Se você acha que essa combinação é algo impossível é porque ainda não conheceu o som de G. Hoffmam. O cantor que acaba de lançar seu segundo trabalho solo – Bem-vindo – conversou com o Gospel no Divã e falou sobre suas duas grandes paixões: música e surf (ou será surf e música?). Isso sem falar da esposa Mariane que é o grande pilar de seu ministério que começou nos bancos da Igreja Batista da Glória (ES). Além do ministério, Hoffmam ainda arranja tempo para animar festas com um som empolgante que glorifica o nome do Senhor com alegria e reverência. Conheça um pouco mais sobre a vida e trajetória desse cantor que já integrou a banda Khorus e, como ele mesmo diz com seu jeito engraçado de responder cada pergunta, “faz letras que falam o que vem da Palavra e do coração, não do mercado”.
1. Vamos começar do início: quem é o cara comum Gessy Hoffmam Júnior e quem é o cantor G. Hoffmam?
Bem... Os dois têm 31 anos, bem casados com a Mariane, salvos em Jesus Cristo, crescidos na igreja, surfistas, rubro-negros... Gessy Hoffmam Júnior é o cara formado em Administração pela Estácio de Sá, MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, Agente de Relacionamento prestando serviço à Petrobrás Distribuidora na Gerência de Marketing e Comercialização de Gás Canalizado do Estado do Espírito Santo. Acorda às 05h45 todos os dias e volta pra casa por volta das 17h30. Trabalha muito e tem planos de fazer outros cursos, manter sua família, ter dois filhos... Essas coisas... É membro da Igreja Batista da Glória, tenta dar aula na EBD, trabalha no louvor da igreja e ajuda na congregação do Morro de Jaburuna (ES). Já o G. Hoffmam é um cara que compõe algumas coisas, escreve outras, canta, toca percussão, gaita, violão (se atreve na bateria também), mas tudo com liberdade e buscando coerência com a Bíblia. Hoje faz o som que sempre quis: mistura surf-music com rap, rock, ska e pitadas black, além de letras que falam o que vem da Palavra e do coração, não do mercado.
2. A música já era algo presente na sua família. Você pensou em fugir desse ramo ou sua entrada na música foi algo mais do que natural?
Todos (sem exceção) lá em casa cantam ou tocam alguma coisa. Reunião de família sem música eu nunca vi, mas não pensava que iria chegar a gravar algo. No máximo, a meu ver, seria um backing-vocal ou percussionista, mas não algo profissional (por mais que gostasse ou quisesse). Em contrapartida, se viesse a fazer algo na área da música, gostaria de fazer algo sempre diferente.
3. Quais as melhores recordações que tem da sua infância e adolescência na Igreja Batista da Glória? De que forma essa vivência formou quem é o G. Hoffmam hoje em dia?
A Igreja Batista em geral tem uma excelente cultura musical e uma grande tradição num todo. Cresci participando da ‘bandinha’ da igreja (crianças), Coro Infantil (primários), Coro de Juniores, Coro de Adolescentes, Coro Jovem e Coro Principal em cantatas e tal. Cheguei a tocar violino e flauta transversa, mas percebi que meu lance era mais ‘pop-largado’. Fui o primeiro percussionista da Igreja Batista da Glória e fazia alguns vocais na equipe. Mas música não é tudo! O mais importante que trago na bagagem vindo da IBG é o temor ao único Deus, o reconhecimento de Jesus Cristo como meu Salvador, o culto racional, o temor à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra, a seriedade do que é ser um servo de Cristo e carregar esse título além do amor ao serviço cristão. Uma grande escola das Igrejas Batistas é a organização de Embaixadores do Rei, onde meninos crescem sendo discipulados na Palavra entre outras atividades. Tive o privilégio de ser condecorado como ‘As’ dos Valentes no Sítio do Sossego. ‘Uma vez Embaixador, sempre Embaixador do Rei! Huuuuu!’
4. Como começou seu envolvimento profissional com a música e seus primeiros passos na banda Dextra?
Profissional mesmo foi no meio secular. Na época em que comecei a tocar percussão e fazer backing, uma galera da Escola Técnica Federal do ES (onde eu estudava), montou uma banda e me chamou pra tocar e fui nessa. Pagavam e valorizavam o que eu fazia (nessa armadilha uma galera cai: a igreja por não enxergar o que o diabo faz e não valorizar os seus músicos e os músicos por irem sem também enxergar o alçapão armado). Graças a Deus essa fase passou rapidamente e não me aprofundei muito em festas e shows seculares nas noites por aí. Depois disso, um amigo meu (Samuel, que gravou o clipe novo), foi o primeiro cara que achou que minha voz iria prestar pra cantar em uma banda e era a Dextra. Ensaiamos oito meses até tocarmos pela primeira vez, mas era muito bom! A música Obrigado, Senhor, última do CD Todo dia, era uma das que cantávamos na Dextra (mudei o arranjo e alguma coisa da letra!).
5. Qual balanço faz do seu período no Khorus e qual a maior lição que tirou dessa época?
Foi muito bom entrar e muito bom sair; foi muito difícil entrar e foi difícil sair! Foi bom pela oportunidade e por tudo o que aprendi, as pessoas e lugares que conheci. Foi difícil, pois não era o estilo de música que eu curtia e tive que fazer um laboratório pra sacar as ‘boybands’, inclusive quanto às danças (eu criava todas, é mole?). Perdi amigos e algumas pessoas me olharam torto, mas Deus me deu forças e coragem. Foi bom sair e Deus sabe o porquê. Foi difícil sair por que as pessoas não entendiam, logo naquele momento em que A voz do Brasil tinha bombado e sido muito bem aceito em todo o país. Fora isso, a paz e tranquilidade que eu tinha eram maravilhosas e me deu segurança pra seguir o caminho que eu devia seguir. “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8.28)”. A maior lição foi deixar de ser um ‘elitista musical’: aqueles caras que acham que se não for jazz, soul ou blues, a música não presta. Sempre existe o estilo bom ou ruim: sertanejo bom e sertanejo ruim, forró bom e ruim, rock bom e ruim, e por aí... Além disso, entendi que, independente do estilo, essa música pode ser direcionada para Deus e a pregação da sua palavra, merecendo todo o respeito.
6. Depois de uma fase passando por bandas, deu-se início a sua carreira solo. Como foi o desenvolvimento dessa fase em seu ministério?
Na verdade, antes do Khorus eu já tinha um pequeno trabalho com músicas minhas, mas foi por pouco tempo. Assim que saí do Khorus, eu ficaria parado por um tempo. Era uma decisão minha, mas não era a de Deus. Como eu tinha umas músicas e havia convites para cantar em igrejas, eu ensaiei alguma coisa com uns amigos e deu certo. As músicas falavam às pessoas e percebi que era para eu fazer aquilo: falar de Jesus Cristo como sempre através de letras evangelísticas e música do meu cotidiano. Daí essas músicas foram se amontoando e montando um álbum. Fiz umas pré-produções, até que uma gravadora se interessou. Dessa forma, pude continuar o trabalho fonográfico, mas continuaria mesmo sem um CD.
7. Não dá para falar do álbum Todo dia sem citar a canção Ahahahá que fala da verdade do Evangelho sem ser piegas, algo que é uma marca sua. Assim como em Vote em Jesus Cristo onde você rasga o verbo sobre situações do cotidiano como a crise do mensalão. Onde você busca inspiração para compor e qual sua opinião sobre o gospel muitas vezes repetitivo e que cai no óbvio que vemos muitas vezes na indústria fonográfica brasileira?
Como eu citei em alguma pergunta acima, a Bíblia nos diz que ‘todas as coisas contribuem juntamente’. Creio que toda composição musical é a real composição de várias experiências, sons, influências, timbres, leituras, vídeos e não passamos por tudo isso à toa. Podemos usar para nada ou podemos convertê-las para a obra de Deus. É o que busco fazer, sinceramente. As coisas acontecem e você pode falar de Deus ‘pegando qualquer gancho’. Claro que tem algumas que são porque você passou por algo bem específico, mas outras simplesmente porque você gostaria de falar algo para Deus ou de Deus: ‘Estava fazendo nada quando decidi escrever... (primeira frase da música Ahahahá)’. Minhas músicas, em sua maioria, são evangelísticas: falam de Jesus, de Deus, pregam a Palavra de alguma forma. Não há muitas de adoração e talvez por isso não se encaixem muito no ‘mercado’. Mas fui chamado para fazer isso e vou fazer dessa forma. Até tenho um projeto de ‘cânticos’, mas também não estaria de acordo com o que temos ouvido em massa. Quanto ao gospel repetitivo, das duas, uma: ou Deus – que sempre falou de forma singular em toda a Bíblia – está falando sempre uma só coisa pra todo mundo (e eu então não ouço a Sua voz), ou fazem música de acordo com o mercado e para esse mercado. Façam suas apostas!
8. Vendo as fotos do CD Bem-vindo e o estilo surf music, podemos dizer que estamos diante de uma versão gospel de Jack Johnson?
(Risos) Não... É que ele é um dos caras da surf music que mais as pessoas conhecem. Se você ouvir o trabalho dele e o meu vai perceber que não cabe no som dele algumas coisas que eu escolhi na minha produção. É como se ele fosse puramente o surf music: voz, violão e percussão e suas variações. Eu ainda misturo mais influências como Donavon Frankenreiter, James Brown, DC Talk, The Insyderz, um bocado de reggae e aí vai... Nesse novo trabalho utilizo instrumentos de sopro, timbres improváveis de guitarra, linhas black de baixo, gaita e alguns raps.
9. Além da música, o surf também é seu hobby. Você é daqueles que contornam a onda ou leva muito caixote?
Ai, ai... As duas coisas... (Risos) Troquei de prancha no final do ano passado. Agora to com uma Fish 6.2, borda mais larga. Proporciona um surf mais tranquilo, porém com manobras maneiras. De qualquer forma, sempre tem aqueles dias que não encaixo ‘aquela onda’. Mas também, tem dias que o Tio Kelly (Kelly Slater – Decacampeão de Mundial de Surf) iria me pedir umas dicas. (Risos) Até parece!
10. Agora, o que o G. Hoffmam tem que o público que ainda não o conhece está perdendo? E o que podemos esperar com seu segundo trabalho?
Uma boa mistura musical, com letras para reflexão e aplicação, sempre com foco em Deus e na sua palavra. A exemplo do primeiro, algumas mensagens críticas, histórias divertidas, mas em músicas fáceis e acessíveis. O que podem esperar? Para dar o play novamente...
11. Outra faceta sua é apresentação em festas de aniversário. Como funciona esse serviço e como administra com a carreira de cantor gospel e surfista?
Esse lance de festas é algo super legal, pois, em sua maioria, os crentes têm uma certa dificuldade no momento de celebrar uma festa, seja de casamento, 15 anos, formatura, aniversário infantil. Não se pode tocar música secular, uma grande parte dos nossos cânticos é mais lenta e nem sempre se pode dançar também. A proposta é festejar através de músicas onde nos alegramos em Deus por tais situações. Os arranjos são todos pra cima, alguns cânticos infantis, outros antigos, outros novos, mas todos com a mesma pegada black-surf-rock-ska-raggae. (Risos) Só vendo, mas é muito legal! Fora o figurino, mas tudo com alegria e reverência, reverência e alegria. Não vamos dar mole, né? Administro a carreira com a benção que é a minha mulher, Mariane (minha gata!). Ela que faz a agenda e acerta os detalhes. Cabe ao Gessy fazer os arranjos, temas, ensaiar, estudar sua Bíblia, orar e se preparar pras tocadas do G. Hoffmam. Fora isso, de segunda a sexta no trabalho.
12. Qual seria sua escolha se tivesse que escolher entre o surf e a música?
A música... Mas posso surfar aos sábados?!?!
muito boa entrevista desse site com o g hoffman. o kra é nota 1000. eu tenho o primeiro cd dele e já quero esse mais novo.
ResponderExcluirO G Hoffmamé isso aí mesmo que vc acabou de ler: incrível e simples!
ResponderExcluirSó quem conhece pode dizer o mesmo! Abraços!
Me identifico demais com o trabalho dele. Pra mim, isso é cristianismo!
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