Fã que é fã não se conforma em apenas
ter o CD ou ouvir a música do seu artista favorito: tem que ter videoclipe. E o
YouTube e o Viemo só aumentaram essa que é praticamente uma “necessidade” de
todo cantor que deseja divulgar melhor o seu trabalho para uma multidão cada
vez mais exigente. E pensando nisso que o Gospel no Divã foi atrás de um
diretor para saber como é o processo para dar imagem a canções que nos enchem
de alegria e mexem com a emoção. A partir de agora você vai conhecer um pouco
sobre a vida e a carreira de Paulo César
Cavalcante Moreira Junior, ou para os mais íntimos, PC Junior.
Esse carioca de 36 anos, casado com Gabriela e pai de Ana Eliza, Caio e Maria Vitória, descobriu a paixão pelo
audiovisual ainda criança através do pai que era operador de câmera da TV Globo.
Sempre presente nos bastidores da emissora, PC sempre sonhou em ser cameraman e
iniciou nesse universo filmando festas infantis, mas sempre com um diferencial:
“Gravava as festas com a câmera na
altura da criança para termos a noção e a visão do mundo como ela vê”. Além
do olhar diferenciado e a paixão pelo negócio, o diretor destaca que o
conhecimento aprimorado é essencial. Não é à toa que ele fez cinema pela Fundação
Getúlio Vargas e retomou a faculdade para estudar publicidade e propaganda depois
de ter parado por dez anos.
Foto: Veronica Linder |
1.
Como foi sua primeira experiência profissional nessa área?
Ainda no primeiro período de faculdade passei para estagiário na TV Facha (Faculdade Hélio Alonso – RJ) e, em um mês de estágio, fui contratado como auxiliar de multimeios fazendo de tudo e aí pude experimentar cada passo de uma profissão. Paralelo a isso, fazia também as festas infantis, que inclusive me deram meu primeiro carro.
Foto: Reprodução do Facebook |
Considero minha primeira produção o videoclipe do Kim – Grande amor. Apesar de já ter feito algumas coisas na área e já sendo editor do Conexão Gospel, a presidente da empresa decidiu me dar essa chance e foi uma experiência muito gratificante onde reuni alguns amigos e bolamos a história. Harrison Carvalho, meu amigo e câmera da MK Publicitá na época, foi meu fiel escudeiro naquele e em outros projetos.
3.
Como os profissionais e artistas com quem trabalhou, de certa forma, moldaram
seu estilo?
Cada um tem seu olhar e penso que o diretor em qualquer produção absorve muito de todos que estão a sua volta seja a equipe, família e até aquela pessoa que você menos espera te dá algum suporte mesmo que indiretamente. Alguns artistas foram importantíssimos no meu trabalho, dentre eles posso citar Marina de Oliveira que tem um potencial artístico que eu ainda não vi em mais ninguém. Ela transforma sua garra e dedicação em entusiasmo para quem está do seu lado.
4.
Dentre seus trabalhos podemos destacar a produção do DVD da banda Kiss na Apoteose.
Em que ano aconteceu? Como surgiu e como a experiência serviu para aumentar o
currículo?
O trabalho com um grupo internacional do porte do Kiss foi realmente bem interessante profissionalmente, mas um me marcou mais: documentários feitos com o Cid Moreira e a Igreja Batista Nova Jerusalém em Israel. Estivemos lá gravando esses dois documentários simultaneamente em 2008 e só o fato de estar lá já foi inesquecível. A experiência de gravar nos locais onde Jesus esteve foi a produção mais marcante da minha vida.
Gravação do clipe Abraça-me, Senhor de Soraya Moraes | Foto: Veronica Linder |
Entrei na MK em 1997 como editor do programa e no meu primeiro dia finalizei o Conexão Gospel Nº 1! O Beto foi uma pessoa especial na minha vida, não posso negar. Aprendi e muito com o seu modo de trabalho sempre de bem coma a vida. Em 2000, após a saída dele, a diretora da empresa, Yvelise de Oliveira, me perguntou se assumiria a posição. Aceitei com muito orgulho e contei, é claro, com uma equipe simplesmente genial onde éramos (e somos) uma família. As pessoas que estão fora têm uma visão totalmente distorcida do que é ser cristão e não tem a dimensão da grandiosidade do meio. No meu primeiro Canta Rio me assustei com a estrutura e com tanta gente!
6.
Essa mesma bagagem serviu na hora de assumir o RIT Acústico quando você entrou
para o Grupo Graça?
Na verdade cheguei na RIT para assumir a direção geral da TV. O RIT Acústico foi mais um projeto que claro, com meu gosto pela música, adorei. Queria dar a possibilidade de o telespectador ter um show direto na sua casa, abracei a ideia do Deputado André Soares e fizemos um programa considerado pelos artistas como ‘inesquecível’. O projeto por enquanto não esta sendo gravado, mas podem conferir os melhores momentos através do DVD RIT Acústico.
7.
Ainda nesse nicho você foi indicado a prêmios e saiu vencedor e não podemos
esquecer as duas indicações ao Troféu Promessas neste ano com Deus da minha
vida (Thalles) e Quatro segundos (Jó 42). Isso prova que você está no caminho
certo ou acha que ainda há pontos a melhorar?
Confesso que os prêmios mexem com a gente. É gostoso saber que seu trabalho foi reconhecido. Na época do Troféu Talento sempre tinha duas ou três indicações. Esse ano com o Troféu Promessas foi gratificante ser novamente indicado. Na época do Conexão fomos agraciados com o Prêmio de Melhor Programa de TV de 2003 dentre todos os programas da TV brasileira pela Revista Destaques de Vitória (ES). O segundo lugar ficou com o Jornal Nacional.
Foto: Veronica Linder
8.
Falando mais na parte técnica, como é o seu processo na hora de roteirizar e
dirigir um clipe ou gravação de DVD?
Recebo a música de trabalho e antes mesmo de conversar com o artista ouço várias vezes. Gosto muito de criar os videoclipes no carro e já tiveram casos criar um videoclipe no meio do Túnel Rebouças e ter que me dividir entre fazer anotações e dirigir como o clipe ABC do grupo Ellas. Depois disso passamos para a produção para tornar realidade aquilo que imaginamos. Visitamos as locações, vemos o material necessário e vamos para a gravação. Faço questão de ter um set mais feliz possível, os problemas ficam de fora e os que acontecerem também serão bênçãos já que considero que ‘quando tem muito problema é que o inimigo está furioso e vai ficar muito bom’. Trabalho sempre com pessoas escolhidas não só pelo lado profissional, o bom relacionamento é fundamental para uma equipe dar certo.
9.
Já aconteceu de ter o material quase finalizado e ter que partir para um Plano B?
Nesses moldes não, mas um caso interessante foi ter feito um roteiro digamos ousado para um videoclipe e deixar ir ao ar. Quando a direção da empresa viu, me ligou na hora e, digamos, ‘estava fora’. A repercussão foi tanta, teve matéria em jornal e tudo mais que no dia seguinte voltaram atrás e ainda dando parabéns.
10.
Há alguma diferença em trabalhar com secular e com gospel?
Muita diferença! No meio gospel todos estão por uma causa maior. Mesmo aqueles que não são diretamente da equipe, terceirizados ou não evangélicos, se sentem tocados pelo foco do projeto, sem dúvida.
11.
Existe um trabalho que seria seu xodó?
Em termos de DVD tenho um carinho super especial pelo Aline Barros e Cia 1. Além de estar vivendo intensamente o fato de ser pai, coloquei, pela primeira e única vez, meus três filhos para participar. Quanto aos clipes é complicado. São todos como filhos, mas posso citar Pamela – Caminho da perfeição, Marina de Oliveira – Jesus volta logo e, claro, Thalles – Deus da minha vida.
Com Marina de Oliveira nos bastidores da gravação do primeiro DVD infantil de Aline Barros pela MK | Foto: Divulgação |
12.
Quais equipamentos que você usa e quais profissionais que te inspiram?
Em 2011 tivemos uma transformação da linguagem de videoclipes com a entrada dos equipamentos HDSLR, câmeras fotográficas que gravam um vídeo com excelência. Uso câmeras Canon 7D, equipamentos de movimento como gruas, travelling, estabilizadores e um Mac para edição. Quanto aos profissionais que admiro, posso citar alguns: Daniel Filho, José Padilha, Cao Hamburguer e no meio gospel sou fã do Alex Passos.
13.
Como você analisa a produção audiovisual cristã no Brasil se comparado ao que
feito no exterior? Ainda deixamos a desejar ou houve uma evolução expressiva?
Costumo dizer que televisão é uma brincadeira cara. Hoje, com o advento de alguns novos equipamentos, o investimento em produção diminuiu e muito, mas a competitividade leva sempre à busca da excelência e diferenciar-se no mercado exige investimento. Estamos muito aquém das produções estrangeiras a título de investimento, mas buscamos recursos artísticos para atingir o mesmo objetivo. Mas nada supera uma boa ideia!
14.
Como vê o crescimento dos canais de vídeo na internet como YouTube e Vimeo?
O YouTube e o Vimeo possibilitam a cada indivíduo ter o seu canal de televisão para cada um passar a sua mensagem. Seja com uma superprodução ou com uma máquina fotográfica caseira há a comunicação. Com a união TV/Internet fica perfeito.
15.
Aliado a isso, você está desenvolvendo um projeto pioneiro de webclipes. Como
isso surgiu e em que consiste?
Na verdade primo pela qualidade seja onde for. Seja mesmo uma simples gravação dos meus filhos eu gosto que esteja num padrão agradável. Vejo muitas produções, principalmente de artistas independentes, que poderiam ser um pouco melhor com um pequeno investimento. Sei das dificuldades de se lançar como cantor(a), ter que arcar com os custos de tudo, distribuição… Então resolvi criar um projeto para ajudar na divulgação. Venho desde a época do Conexão Gospel, e agora no Graça Music na TV, produzindo especiais na ocasião de lançamento de CDs que, além do clipe da música de trabalho, produzimos alguns outros anteriormente chamados de mini-clipes em apenas uma locação sem história, apenas fotografia e dando destaque total a música. Alguns deram tão certo e tiveram tanto acesso que viraram videoclipes oficiais. Sei que com esse projeto posso ajudar na realização de sonhos.
Gravação do clipe de Márcio José | Foto: Verônica Linder
16.
Como está sendo a aderência dos artistas e o retorno do público?
O meu primeiro webclipe foi para cantora Rozeane Ribeiro com a música Rastro de unção que já teve mais de 130.000 acessos no YouTube. Na verdade se tornou o videoclipe oficial. O próximo será do cantor Cesar Nill, uma revelação ao estilo do ‘seal’ que devemos gravar na primeira semana de 2012.
17.
Por ter um custo mais baixo, de quais formas esse método beneficiaria, de certa
forma, os artistas independentes?
Além de ‘encaixar’ no orçamento dos independentes, a música, quando ganha um clipe, ganha imagens. Depois de ver um clipe é difícil ouvirmos as músicas e não termos a identificação com aquelas imagem mesmo que seja na rádio. Facilita inclusive na identidade visual do produto, pois optamos por, na maioria das vezes, manter a identificação com a capa do CD no webclipe.
Na finalização do clipe de Soraya | Foto: Reprodução |
Temos uma responsabilidade enorme. A família brasileira gira em torno da televisão/internet. Nossos horários foram ‘estabelecidos’ pela TV. Em uma redação na infância disse: ‘A TV faz arte da nossa família’ e quem a faz tem na mão a possibilidade de fazer tanto o bem quanto o mal.
19.
Quais são os próximos planos na carreira e futuros projetos?
2011 foi bem significativo, pois entrei na área da dramaturgia. Fiz a direção das primeiras três novelas piloto da RIT. Em 2012 espero concretizar mais um sonho e produzir filmes curtas e longas evangélicos.
parabens pela entrevista note 10...
ResponderExcluirEntrevista sensacional! grande PC! Me lembro dele quando produziu o clip POSSO OUVIR do cantor PG (quando ainda fazia parte da banda como baterista 2004) Abraços!
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